Verbetes e Indicação Geral das Páginas de Boas Maneiras e Etiqueta

Hoje: 26-04-2024

Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
Site original: www.cobra.pages.nom.br

A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z

E

Egrégio. Expressão respeitosa para referir-se a uma classe de pessoas e também a entidades constituídas de vários membros. Ilustre, Insigne. Exemplo: Egrégio Tribunal, Egrégio Conselho de Ministros, etc.

Elevador. É com certeza uma boa prática posicionar-se no elevador de acordo com a altura do andar que a pessoa pretende atingir. Se vai para os andares mais altos, buscar o fundo da cabine; e se, ao contrário, vai para os mais baixos, postar-se próxima à porta.

Elogios. Pontuar uma conversa com alguns elogios simples e inteligentes, feitos a cada um dos interlocutores, anima a conversação. Porém, é lugar comum elogiar gravatas, blusas e vestidos, e isto influi relativamente pouco no ânimo da pessoa elogiada. Elogio a vestimentas e adereços, só quando a pessoa está a ousar muito, o que significa que ela receberia com prazer especial a confirmação do êxito de sua audácia. Ao elogiar a comida, basta dizer que está saborosa; avançar para pedir a receita como prova da sinceridade do elogio é impróprio para o momento; pode ficar para depois, por telefone. Passar elogios a uma pessoa, que tenham sido feitos por terceiros, é uma forma muito poderosa de estimular alguém. Ao contrário, nunca se deve transmitir indelicadezas ouvidas de terceiros: quem o faz estará, de certo modo, se incluindo na autoria da ofensa. Aquela que é elogiada, recebe a manifestação com mostras de satisfação e prazer, e não desaponta seu admirador desacreditando o cumprimento.

Enol. O mesmo que vinho

Enologia. O estudo dos vinhos.

Enólogo. Conhecedor de vinhos em todos os aspectos de sua produção e consumo.

Entrada. Sn. Entrée (fr.) Etapa da refeição entre o hors d’oeuvre e o prato principal. Tudo preparado para a degustação e a digestão do alimento, é apresentado o “primeiro prato” ou entrée, um pouco mais leve que o do prato principal, que se lhe haverá de seguir. Carnes de peixes e aves, ostras, siris, servidas com alcachofras, aspargos, etc. É acompanhado de um vinho também mais leve que o vinho que depois acompanhará o prato principal. Geralmente é servido vinho branco seco, nunca vinho doce, nem mesmo os suaves. Há mesmo quem prefira o vinho verde, para aguçar ainda mais o apetite para o prato principal. Pão branco e manteiga pode ser parte do acompanhamento. Em longos jantares de cerimônia podem ser servidas duas ou três entradas. Primeiro-prato, entrée. Nos restaurantes americanos o prato principal é chamado Entrée e passa-se dele diretamente à sobremesa.

Entre-pratos. [corr. ao fr. entremets]. A etapa na série salgada de uma refeição completa, entre a sopa e o prato principal, hoje chamado Entrada ou Entrée. O emprego mudou, principalmente na França: entremets passou a constituir a etapa de frutas e doces após o prato de queijos, ou seja, a sobremesa.

Escola. V.p.f. a página Boas Maneiras e Etiqueta na Escola.

Espaguete. [do it. spaghetti]. Tipo de massa em fios longos que, depois de cozida em água, é servida com molhos de diversos tipos, predominando o molho de tomate. O modo de comer o espaguete, e também o talharim é enrolando o fio no garfo que é girado na vertical a um canto, e não no centro do prato. Se for fornecida uma colher, o garfo, depois de prender alguns fios, é girado contra sua parte côncava, suspenso acima do prato.

Espiriteira. Lamparina ou fogareiro pequeno que leva esse nome por usar espírito de vinho ou álcool para queimar um chumaço ou pavio. Tem um suporte para panela, bandeja ou frigideira, cujo conteúdo mantém aquecido. V.tb réchaud.

Estética. Disciplina que remonta à filosofia grega ocupa-se do estudo teórico do belo, buscando compreende-lo, explicá-lo e avaliá-lo nos objetos ideais, na natureza e na obra de arte. Compreende o estudo racional das condições e dos efeitos da criação artística em geral, e investiga a beleza, quer quanto à possibilidade da sua conceituação, quer quanto à diversidade de emoções e sentimentos que ela provoca no homem. Como o prazer estético na apreciação do belo é um fator de felicidade e pode levar ao bom relacionamento, que é o objeto de Boas Maneiras, torna-se evidente o elo entre as duas disciplinas. O pretendido por Boas Maneiras através de sua relação com a Estética é conhecer e evitar aquilo que, esteticamente considerado, possa agredir e afastar as pessoas por ferir sua sensibilidade, e aquilo que é procurado são os meios de agradá-las, no sentido de aproximá-las. É o fundamento para a decoração dos ambientes em todos os detalhes. Como já disse, eu penso que, no convívio social, somos naturalmente objetos estéticos uns para os outros, e isto faz nossa aparência ser tão importante. Por isso é norma de Boas Maneiras o vestir-se bem, ter os cabelos limpos e bem penteados, usar joias com adequação, etc.

Ética. A Ética é, hierarquicamente, a primeira disciplina filosófica quando o agir humano é considerado. O comportamento ético é aquele digno dos atributos transcendentais da natureza humana, ou seja, o comportamento que é condizente com sua racionalidade, sua liberdade, sua sociabilidade e sua sentimentalidade (ou afetividade). A Ética se vincula à Antropologia Filosófica, que trata dos valores humanos e do compromisso do indivíduo e da sociedade com esses valores. Abaixo da Ética, estão a Moral e a Civilidade, a primeira diz respeito à liberdade, à justiça, e ao dever. A segunda prescreve o que se pode voluntariamente fazer em prol da convivência pacífica e prazerosa entre os cidadãos. A Civilidade alcança boa parte dos seus objetivos por meio de Boas Maneiras e Etiqueta, e das outras disciplinas a elas vinculadas.

Os comportamentos em Boas Maneiras segundo os preceito de Civilidade escapam ao campo da Moral porque, apesar de que a eles também se aplique o trato racional na censura e na sua moderação, não dizem respeito à Liberdade nem à Justiça, nem ao Direito Positivo ou Natural, que constituem o campo da Moral. Isto obriga ao reconhecimento de uma Ética que é mais ampla que apenas o fundamento da Moral, e cobre também um campo não-moral, que é a Civilidade (V.p.f.).

Etiqueta. Etiqueta é, para mim, uma disciplina técnica, e me parece um grande erro tomá-la como sinônimo de Boas Maneiras. É da alçada da Etiqueta indicar as formas mais práticas e adequadas para que o conforto seja o maior possível e o respeito ganhe a máxima expressão em cada aplicação das normas de Boa Maneiras, e isto implica detalhes técnicos como: arrumação da mesa para o jantar sentado formal com ou sem garçom, como organizar almoços e jantares com buffet, roupas adequadas aos eventos, formas para convites e agradecimentos, escolha e entrega de presentes, etc. Como visto, a Ética tem princípios; não têm normas nem regras. A Civilidade tem preceitos derivados de princípios éticos. Boas Maneiras tem normas, e Etiqueta têm regras técnicas.

As regras da etiqueta para a distribuição de pessoas à mesa são úteis para a melhor interação entre a família do anfitrião e os convidados, ou simplesmente entre os convidados, o que é uma norma de cordialidade à mesa de Boas Maneiras. Essas regras permitem também o reconhecimento pelo anfitrião do grau de importância que a sociedade atribui a cada um dos seus convidados. Esta é uma evidência de que a Etiqueta é uma disciplina que se ocupa das técnicas para a bom transcurso dos eventos sociais no que diz respeito a Boas Maneiras.

Eventos sociais. Embora se fale de recepção, festa, comemoração e celebração, como sinônimos, a consideração atenta dos significados destes termos, de acordo com sua etimologia e com o emprego que usualmente deles se faz, mostra que se referem a situações sociais de natureza diversa, Têm em comum serem eventos que reúnem pessoas movidas por um sentimento de solidariedade e um propósito socialmente saudável, de educação da sua autoestima e de respeito à autoestima alheia, no que seguem os princípios da Civilidade. Embora possam ser definidos como eventos de natureza diferente, Evento social ou acontecimento social, ou ainda sucesso, são termos que podem reunir todos eles. Os Eventos sociais, quanto à sua natureza, podem ser celebrações ou comemorações e, quanto à sua forma, podem ser informais, formais, e solenes (V.p.f.).

Eventos sociais formais. Compreendem Jantares, Chás, Coquetéis, etc. que são recepções comandadas por um anfitrião que faz os convites e recebe os convidados à porta. Têm um protocolo menor que chamo Pauta protocolar para diferenciá-lo do Protocolo mais rigoroso das solenidades (V.p.f.).

Além das Recepções existem as reuniões formais, que igualmente obedecem a uma pauta protocolar, a qual diz, por exemplo, quais devem ser os componentes da mesa, o tipo de saudação e a ordem da convocação para participação na mesa ou para as citações na saudação ao plenário, os termos do encerramento, etc. Ex: “reunião de empresários”, “reunião da irmandade”, “reunião do condomínio promovida pelo síndico”. “Reunião de professores convocada pelo Conselho”, etc.

Eventos sociais Informais. Existem pelos mais variados motivos. As normas de Boas Maneiras e as regras de Etiqueta não são desprezadas, mas não existe uma Pauta protocolar. Os promotores convidam os amigos ou os interessados pessoalmente, ou o fazem por e-mail ou telefone. São deste tipo os debates, conferências, bailes, jogos, manifestações políticas, O promotor pode não conhecer boa parte dos participantes no evento que promoveu. Uma reunião informal é o mais simples dos eventos sociais. Acontecem com a finalidade de distração ou de discussão de negócios, promovida por um ou mais dos participantes. Ex.: “reunião de amigos para um chopp”. “Reunir amigos para um churrasco”. “Reuniu amigos para comemorar com queijos e vinhos”.

Eventos sociais solenes. V.p.f. solenidade.

Expressões pacificadoras. Palavras e frases que se tem prontas para serem ditas em certas situações imprevistas e de forte conteúdo emocional, quando sofremos uma agressão verbal, uma acusação infundada, uma pergunta embaraçosa, e em situações súbitas em que devemos confortar alguém em desespero ou em descontrole e pânico. Diante de uma contestação rude, pode-se responder – “Este é, sem dúvida, um outro aspecto da questão; é preciso examiná-lo.” Diante da provocação muito comum: “Está achando ruim?” – “Como pessoa prejudicada, e porque estou no meu direito, posso reclamar!” Diante de um comentário sarcástico: “Você gosta de provocar riso. Qualquer resposta que eu lhe dê será motivo para mais sarcasmo. O assunto fica encerrado aqui.”

2001/2009
R.Q.Cobra

Direitos reservados.
Para citar este texto: Cobra, Rubem Q. – Verbetes de Boas Maneiras e Etiqueta. Site www.cobra.pages.nom.br, Internet, Brasília, 2001/09.