John Locke

Hoje: 29-03-2024

Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
Site original: www.cobra.pages.nom.br

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Economia

Nesta área Locke não trata da questão em seus pressupostos básicos, mas sim de questões circunstanciais sobre as quais desejou opinar: a questão das colônias americanas, da Companhia das Índias Orientais, da colonização da Irlanda, da rivalidade comercial com a Holanda e França, como também a questão da taxa de juros e a moeda. No seu Some Considerations of the Consequences of the Lowering of Interest and Raising the Value of Money (“Algumas considerações sobre as consequências da redução dos juros e aumento do valor da moeda”, 1691), Locke aponta os prejuízos para o comércio que são causados quando a taxa de juros é fixada por lei, advogando que a taxa deve flutuar livremente. Para ele, o dinheiro faz girar a roda do comércio e seu curso não deveria ser dificultado. Quatro anos mais tarde, em seu novo “Further Considerations…” ele defendia sua posição contra a desvalorização da moeda pretendida pelo secretário do Tesouro (1695).

Religião

Locke era religioso e considerou tornar-se pastor, porém não era um puritano. Em seu pensamento religioso Locke foge da linha tradicional tanto quanto seus pensamentos contidos no “Ensaio”. Não critica a Bíblia, porém examina livremente as escrituras com a mesma objetividade de sua filosofia. Com essa atitude chega a conclusões bastante simples, que são um marco na história da teologia liberal, basicamente em acordo com a fé cristã. Na sua concepção da natureza da religião, ele a descreve como consistindo quase inteiramente em uma atitude de fé intelectual. Em sua opinião, o povo necessita de assistência moral e não de dogmas teológicos ou inspiração intelectual. O propósito do tratado Resonableness of Christianity (1695) é o de lembrar aos homens das controvérsias das escolas teológicas até a simplicidade dos evangelhos como rega da vida humana.

Uma Igreja, de acordo com Locke, é uma sociedade voluntária e livre com o propósito de adorar a Deus. O valor da adoração depende da fé que a inspira. O estado não interfere exceto em relação aos católicos e ateus, os primeiros porque professam obediência a um príncipe estrangeiro e os segundos porque não se pode confiar neles em questões morais como a obediência ao contrato social. O negócio do Estado, diz ele, não é garantir a verdade das opiniões mas a segurança da comunidade, e de modo muito particular a pessoa e os bens do homem. A Epistola de Tolerantia (Carta a respeito da tolerância) é um apelo à tolerância religiosa; foi publicada anonimamente em 1689, porém era um tema que Locke vinha trabalhando deste seus primeiros tempos em Oxford. Sua correspondência e um trabalho por ele escrito em 1667 mostram seu apoio pela tolerância religiosa, apesar de ter escrito, em 1669, dois outros considerados surpreendentemente conservadores. Sua posição assim se resumia: (1) Nenhum homem tem uma tão completa sabedoria e conhecimento, ele sustenta, que ele possa ditar a forma da religião de outro homem; (2) Cada indivíduo é um ser moral, responsável perante Deus, e isto pressupõe liberdade; e (3) Nenhuma coerção que é contrária à vontade do indivíduo pode assegurar mais que uma conformidade aparente. Seu Common-Place Book (caderno de anotações) indica que a questão já o preocupava mais de vinte anos antes da publicação da primeira “Carta”. Se os magistrados deviam ou não ter sob sua alçada as questões religiosas era um assunto acidamente discutido, pela assembléia dos ”Divinos” (téologos), ao tempo que era aluno em Westminster e quando entrou na Christ Church, o reitor era John Owen, líder dos independentes.

De interesse religioso são também três da obras que vieram a lume após sua morte: Comentários sobre as epístolas de São Paulo, e o Discourse on Miracles, tanto quanto um fragmento de Fourth Letter for Toleration e An Examination of Father Malebranche’s Opinion of Seeing all things in God, e mais Remarks on Some of Mr Norris’s Books.

Deus: A respeito da existência de Deus, sua prova está em nossa própria existência. Uma pessoa sabe intuitivamente que ela é algo que existe. Ela sabe que o nada não pode produzir qualquer coisa e então, se ela existe, esta é uma demonstração de que, por toda a eternidade antes dela, existiu aquele que a criou e criou todas as coisas. Esse argumento é do tipo cosmológico.

Educação

Seu ponto de vista era de que a educação devia ter fins práticos, de preparar o homem para a vida, e não para o deleite intelectual e o êxito universitário. Os livros Thoughts concerning Education (“Pensamentos sobre a Educação”) e Conduct of the Understanding (“Condução do Conhecimento”) tem lugar importante na história da filosofia educacional. Neles Locke enfatizou o valor da experiência no desenvolvimento da mente, porém desconsidera radicalmente as diferenças genéticas.

Principais obras:

  • Letter on Toleration (1689)
  • Second Letter on Toleration (1690)
  • Two Treatises of Government (1690)
  • Essay concerning Human Understanding (1690)
  • Some Considerations of the Consequences of Lowering of Interest, and Raising the Value of Money (1691)
  • Third Letter on Toleration (1692)
  • Some Thoughts concerning Education (1693)
  • Further Considerations concerning Raising the Value of Money (1693)
  • The Reasonableness of Christianity (1695)
  • A Vindication of the Reasonableness of Christianity (1695)
  • A Second Vindication of the Reasonableness of Christianity (1695)
  • A Letter to the Bishop of Worcester (1697)
  • Discourse on Miracles (posthumous)
  • Fourth Letter for Toleration (posthumous)
  • An Examination of Father Malebranche’s Opinion of Seeing all things in God (posthumous)
  • Remarks on Some of Mr Norris’s Books (posthumous)
  • The Conduct of the Understanding (posthumous) um pequeno tratado originalmente destinado a ser um capítulo do “Ensaio”.
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Rubem Queiroz Cobra

Página lançada em 24-05-1998.

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Para citar este texto: Cobra, Rubem Q. – John Locke. Site www.cobra.pages.nom.br, Internet, Brasília, 1998.