Hoje: 13-10-2024
Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
Site original: www.cobra.pages.nom.br
† O principal rito católico é a Missa. Suas etapas principais são: (1) O Ato Penitencial; (2) O Glória; (3) Leitura das Cartas dos Apóstolos (Epístola); (4) Leitura do Evangelho; (5) Profissão de fé (credo); (6) Ofertório (O pão e o vinho são oferecidos); (7) Consagração; (8) Orações pelos fiéis (9) Comunhão; (10) Avisos e Bênção final. Assistir a Missa aos domingos é obrigatório para os católicos, porem podem assisti-la todos os dias pois são celebradas diariamente em todas as igrejas paroquiais.
A vestimenta do celebrante é em cores diferentes conforme o período litúrgico. O branco é usado na Páscoa e no Natal, e nas celebrações de Cristo, de sua Mãe Maria, e dos Santos, excluídos os mártires. É tomado como símbolo de pureza, vitória, ressurreição e alegria. O vermelho lembra o fogo do Espírito Santo é usado na época a ele dedicada: Pentecostes. É ainda a cor dos mártires e da sexta-feira da Paixão, porque também lembra o sangue. O verde é usado nos domingos ordinários e nos dias da semana. Representa esperança e edificação espiritual. O roxo é a cor para o Advento e a Quaresma: representa arrependimento e penitência. É também usado nas missas dos defuntos e na faixa ao pescoço do sacerdote que atende a confissão. O preto, quase não mais usado na liturgia, significa tristeza e luto. O rosa pode ser usado no 3º domingo do Advento e 4º domingo da Quaresma.
Ω As partes principais do rito Ortodoxo coincidem com os da liturgia católica da Missa, com o acréscimo do Evangelho final, do Evangelista João, lido pelo sacerdote antes da bênção final. Na Igreja Ortodoxa de hoje a Liturgia diária não é usual a não ser em catedrais e grandes Mosteiros; numa Igreja Paroquial é celebrada apenas aos Domingos e dias de festa.
# O culto protestante consiste principalmente de cantos e pregações, e realiza-se aos domingos. A liturgia limita-se geralmente a batismos e casamentos. As manifestações de fé durante o serviço religioso – aos domingos – podem alcançar grande intensidade, com os fieis batendo palmas em interatividade com o pastor, a cujas perguntas desafiadoras a congregação responde cantando com entusiasmo, guiada pelos leigos mais antigos e experientes do culto.
Y No judaísmo há duas tradições básicas de liturgia chamadas Ashkenazita (referindo-se às práticas seguidas pelos judeus na Europa Central, Oriental e Ocidental, e todos que dali se originam) e Sefaradita (as práticas seguidas pelos judeus espanhóis e aqueles ao redor da costa do Mediterrâneo, e seus descendentes). As diferenças entre as duas tradições remontam respectivamente uma à Babilônia, e a outra à própria terra de Israel. A ordem básica do serviço, no entanto, é a mesma e baseada nos princípios do Talmude. O culto tem lugar aos sábados.
۩ O islamismo não tem liturgia, salvo para funerais. Cada indivíduo pode fazer suas preces em qualquer lugar que esteja.
A palavra “prece” não tem, para o muçulmano, o mesmo significado que tem para os cristãos. Para ele, a prece é a expressão do seu louvor e submissão a Deus. As cinco preces cotidianas obrigatórias são cinco interrupções de seus afazeres para declarar submissão total a Alá. Prosta-se no solo com a cabeça em terra voltada na direção de Meca, para exprimir com palavras e com esse gesto a sua submissão. A mesquita é principalmente para, no decorrer do dia, avisar com precisão aos fieis cada hora da prostração e, às sextas-feiras, ao meio dia, para leitura do Alcorão pelo Imã, e debates político-religiosos. O fiel, ao chegar, tira as sandálias e lava as mãos, a boca, a face e os pés no tanque ou fonte fora da mesquita e, ao entrar, faz duas genuflexões. Depois disso, senta-se sobre um tapete para ouvir a leitura do Alcorão.
*
POSTURAS DE VENERAÇÃO E ADORAÇÃO.
As diversas religiões cultivam posturas e gestos de adoração e veneração, no templo ou fora dele, bastante variados: podem alternar entre estar de pé, sentado, ajoelhado ou prostrado.
† Na Igreja Católica os fieis ficam de pé para ouvir a leitura do evangelho e na maior parte da missa dominical. Sentam-se para ouvir as demais leituras. O único momento em que ficam de joelhos é enquanto o celebrante pronuncia as palavras da consagração do pão e do vinho e, opcionalmente, durante uma curta oração após a comunhão. Antes de tomar lugar em um dos bancos, faz uma genuflexão olhando o altar, quando neste há uma pequena luz indicando a presença de hóstia consagrada no sacrário; não havendo essa luz, pode apenas inclinar-se como sinal de respeito ao lugar santificado. Mas esta genuflexão é uma opção pessoal, não é uma determinação doutrinária; a pessoa que visita um templo católico não precisa fazê-la.
Há um momento no ritual da missa católica em que as pessoas trocam apertos de mão, como sinal de perdão e reconciliação antes da comunhão. Nesse momento dizem “A paz de Cristo esteja com você” ou resumidamente “A paz de Cristo”. O visitante estranho não precisa dizer nada, e pode apenas dar o aperto de mão com um sorriso polido.
O fiel católico está consciente de que as imagens que têm na igreja são apenas objetos de mármore, de gesso ou madeira, mas pode beijá-las (os pés ou a cabeça) ou acender uma vela aos seus pés como um gesto de veneração ao santo que representam.
Outro gesto especial é persignar-se (fazer o sinal da cruz) ou, em linguagem mais popular, “benzer-se”. É feito com a mão direita espalmada tocando-se com a ponta do dedo médio a testa, o peito, o ombro esquerdo e o ombro direito, enquanto se pronuncia “Em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo. Amem”. Esse gesto é marca para o início das orações e para o seu final. Quando o sinal feito com dedo médio molhado na água benta de pequenos recipientes suspensos nas colunas próximas à porta principal, é a marca para a entrada no templo
Algumas pessoas beijam a própria mão com a qual fizeram o sinal da cruz, mas este é um acréscimo desnecessário e incorreto, que chama a atenção, pois não é parte do sinal da cruz tradicional. Um excesso de persignações repetidas sem propósito parecerá ser fetichismo próprio de pouca cultura.
Ω Ao fazer o sinal da cruz, o cristão da Igreja Ortodoxa toca primeiro o ombro direito, e depois o esquerdo. Não o faz com a mão espalmada, mas junta os três primeiros dedos da mão direita (polegar, indicador e médio) simbolizando a Indivisível Santíssima Trindade. Os outros dois dedos (anular e mínimo) devem ser firmemente apertados à palma da mão. Termina o gesto com uma pequena inclinação da cabeça. O modo dos Ortodoxos se persignarem foi o padrão para todos os cristãos, no Oriente e no Ocidente, até o século XI, quando se oficializou a separação das duas Igrejas, a Romana e a Ortodoxa ou Bizantina.
Embora hoje os seus templos tenham bancos, a postura tradicional de oração dos ortodoxos é de pé, durante todo o serviço religioso. Antigamente existiam assentos apenas nas laterais da nave, para velhos e deficientes. Essa postura continua obrigatória apenas durante a entrada solene do oficiante, a leitura das epistolas e do evangelho, a consagração e distribuição da comunhão, quando o celebrante dá uma bênção, e na oração final da celebração. Nos outros momentos é optativa, porém recomenda-se àqueles que desejam permanecer de pé durante todo o serviço, que se posicionem de modo a não bloquear a visão dos demais, quando se sentam.
Na Igreja Ortodoxa é costume o fiel acender uma vela diante de um altar ou de um ícone (imagem) logo ao entrar no templo. Porém, não deve acender velas durante a entrada solene do celebrante, a leitura das Epístolas ou do Evangelho, a consagração e a comunhão, e bênção final, ou quando os presentes estão sentados ouvindo o sermão.
# Os protestantes cantam de pé e ouvem o sermão sentados.
Y Os judeus fazem suas preces de pé, com a cabeça coberta por um chapéu ou por um solidéu preso aos cabelos por um pequeno grampo, e balançam o tronco e a cabeça ritmicamente para a frente enquanto oram.
۩ O muçulmano faz suas preces prostrando-se de joelhos e inclinando o tronco e a cabeça para tocar o chão com a testa, voltados na direção de Meca.
*
Há fundamental diferença de significado entre a comunhão dos protestantes e a comunhão na fé católica e na ortodoxa. Em todas o elemento principal é o pão e o vinho.
† Na crença católica, uma pequena e fina fatia, redonda e prensada, de pão ázimo – sem fermento –, e o vinho que está em um cálice se tornam, no ritual da consagração, o corpo e o sangue de Cristo, oculto nas espécies inalteradas do pão e do vinho consagrados. Por esse motivo o católico não aceita que uma pessoa que não seja da sua fé participe da comunhão.
Quando a comunhão dos fieis inclui o vinho, é necessário ter os lábios secos – e as mulheres, sem batom –, ao beber do cálice. É importante prova de respeito e consideração pelas demais pessoas que beberão do mesmo recipiente.
Ω Na Igreja Ortodoxa, o pão da Eucaristia é fermentado; a Comunhão é distribuída aos fiéis em uma pequena colher cujo cabo ornamentado termina com uma cruz, e com a qual o Sacerdote pega do cálice um pouco do pão e do vinho consagrados. Os fiéis que comungam apresentam-se em fila, braços cruzados no peito, dizem o próprio nome e, permanecendo em pé diante do Sacerdote inclinam a cabeça para trás, e recebem na boca a colher da comunhão. Nada pode ser bebido ou comido após o acordar na manhã, até este momento.
Depois da bênção final com a qual a Liturgia termina, o povo vem para beijar a Cruz que o Padre segura na mão, e para receber um pequeno pedaço de pão que é abençoado mas não consagrado, apesar de ser do mesmo pão usado na consagração da Eucaristia, e retorna ao seu lugar para comê-lo com respeito e com cuidado para que não caiam migalhas no chão, mas também pode ser levado para casa.
Os não-ortodoxos eventualmente presentes na Liturgia têm permissão (na verdade muitas vezes são encorajados) a receber o pão bento, como expressão da amizade e amor cristãos. Porém não devem se apresentar à mesa da comunhão, reservada apenas aos que professam a fé ortodoxa (e também a católica) segundo a qual, como foi dito, após a consagração o pão e o vinho estão transubstanciados em corpo e sangue de Cristo.
# O protestante não crê na “transubstanciação”, e acredita que as palavras de Cristo sobre o pão e o vinho na última ceia indicavam apenas que os cristão deveriam promover uma refeição igual para relembrá-lo.
É uma boa prática de Boas Maneiras a pessoa lembrar-se de cumprimentar um amigo por ocasião da festa nacional do seu país, se ele é estrangeiro, ou nas grandes festas de sua religião, se ele é de outra fé.
† # Como todos os cristãos, os católicos e os protestantes comemoram o nascimento de Cristo a 25 de dezembro de cada ano, a festa do Natal, marcada por muita alegria e confraternização, e troca de presentes. Reúne membros da família de todas as gerações, com um carinho especial com as crianças. A ceia da véspera e o almoço no dia são refeições generosas e festivas. A segunda data em importância é a da passagem ao Ano Novo, na noite de 31 de dezembro para 1 de janeiro.
Ω Os ortodoxos celebram o seu Natal no dia sete de janeiro, treze dias depois do Natal dos demais cristãos.
Y Os judeus comemoram o triunfo sobre os sírios e os gregos no segundo século antes da Era Comum com uma festa muito parecida com a festa natalina dos cristãos. Trocam presentes entre si com atenção especial às crianças, cantam canções próprias e fazem refeições festivas. Essa festa judaica, no entanto, não tem uma data fixa em relação ao calendário gregoriano dos cristãos, porque os judeus seguem seu próprio calendário quanto a suas festividades, e este baseia-se no movimento solar e, principalmente, lunar.
A passagem ao Ano Novo dos judeus tem data diferente da passagem de ano do calendário cristão. Ocorre entre meados de setembro e meados de outubro. Mas eles se engajam também nas comemorações do Ano Novo do Calendário da Era Comum (calendário gregoriano), seguindo nesse sentido uma tendência já mundialmente estabelecida.
۩ Os muçulmanos comemoram o ano novo no aniversário da fuga de Maomé de Meca para Medina, data que em geral cai entre Abril e Julho, de acordo com o seu calendário lunar. Porém sua maior festa se realiza ao final do mês de jejum, o Ramadã, que é observado anualmente. Nesse dia, bebidas sem álcool e doces são consumidos em reuniões festivas.
Rubem Queiroz Cobra
Página lançada em 03-11-2006.
Direitos reservados.
Para citar este texto: Cobra, Rubem Q. – Tolerância e Boas Maneiras em Religião. Site www.cobra.pages.nom.br, Internet, Brasília, 2006.