Iluminação no Teatro Escolar

Hoje: 25-04-2024

Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
Site original: www.cobra.pages.nom.br

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Como é no Grande Teatro

Menos de 100 anos atrás, a maioria de iluminação consistia apenas de iluminação esférica, porque os spots de facho estreito não existiam. Com o desenvolvimento dos holofotes, utilizando luz de carbureto, luz de arco elétrico e depois de filamento incandescente, os métodos de iluminação mudaram. Tornou-se possível controlar com precisão o que será iluminado, em qualquer parte do palco. Porém – quero lembrar –, o equipamento necessário para esse controle de modo profissional é demasiado caro para o orçamento da Escola e também será bastante difícil de operar por mãos inexperientes. Porém alguma coisa precisa ser feita para particularizar a iluminação, porque uma luminária grande no teto, única, haveria de iluminar não apenas a área de atuar, mas também a área circundante, os bastidores e talvez até mesmo algo da plateia.

A representação teatral perde boa parte do seu interesse se a iluminação é fixa, imutável, proveniente de uma única fonte esférica. Mesmo o Pequeno Teatro, como é o caso do Teatro Escolar, precisa de um sistema que permita explorar um pouco dos efeitos de uma iluminação com várias fontes direcionáveis.

O Grande teatro utiliza variados tipos de refletores e projetores.

O refletor difere do projetor por ser proporcionalmente mais curto e não produzir fachos de luz. Dirige a luz refletida por seu fundo espelhado e de ângulo aberto, existente por trás da sua lâmpada, o que favorece a iluminação de superfícies amplas, como o ciclorama no fundo do palco.É uma luminária maior, com vidro retangular as vezes usadas nos jardins, campos de futebol, fachadas ou mesmo como elemento de segurança da residência.

Os projetores ao contrário, têm recursos técnicos para dirigir a luz com precisão dentro do palco, para adicionar nuances de cores, para projetar por trás cenários e figuras, para seguir com seu facho de luz um personagem, para iluminar diferentemente áreas variadas do palco, para amortecer ou avivar lentamente a iluminação em cada área ou sobre cada objeto. Para isso contribuem o seu fundo refletor esférico, a forma tubular da luminária, uma lente após a lâmpada, e um mecanismo de avança e recuo da lâmpada, principalmente. Os mais usados deles são o projetor PC (de lente “plano convexa”) que tem inúmeras utilidades; e o Fresnel, luminária provida de uma lente com sulcos concêntricos e mecanismo de variação de foco, inventada pelo físico francês Augustin Fresnel (1788 – 1827), que fornece luz mais suave que o PC, com sombras menos definidas, e permite utilizar artisticamente variações de claro-escuro, e pode projetar luz colorida e raios ultravioletas para produzir a luz negra.

Existem na Internet excelentes Sites sobre iluminação no no Grande Teatro que detalham essas e outras luminárias, e descrevem suas propriedades. Porém o Pequeno Teatro e o Teatro Escolar usualmente não dispõem desses recursos, e por isso prefiro falar aqui de algumas improvisações que poderão conferir bons resultados à iluminação, e permitir uma realização artística que satisfaça o iluminador e acrescente valor artístico à execução da peça teatral.

Equipamentos do Pequeno Teatro

É possível iluminar uma cena inteira com um abajur que está em um console, ou sobre a mesa, ou ao lado de uma cama, mas tal recurso é específico de um certo ambiente, e funcionaria no caso de um único cenário para toda a peça, não para vários atos e cenas. Também é limitada a possibilidade de aproveitamento da luz natural, que entra pelas janelas, principalmente se a representação é em um palco. No entanto pode ser feita a tentativa de aproveitar a iluminação elétrica existente no local e complementá-la com algumas luminárias que poderão fazer a diferença e são de baixo custo, como os spots.

Spots. Os spots são luminárias de baixo custo e que podem dar conta da maior parte das necessidades da iluminação no Pequeno Teatro. Consistem basicamente de um invólucro metálico, cilíndrico ou cônico, com uma base no fundo que pode receber uma lâmpada incandescente leitosa, ou uma lâmpada colorida. É preciso um certo número de spots, porque o alcance da luz de um modelo assim tão simples não vai além de uns poucos metros. Isto significa que um bom número deles precisa ser instalado nas laterais do palco, em torres de iluminação, e um número ainda maior ser fixado próximo ao teto, em varas de iluminação estendidas de um lado ao outro do palco. Ao fundo do palco uma série deles dispostos em linha iluminarão o cenário ou o ciclorama que é o pano de fundo que decora o palco (V.p.f. na página Glossário).

Para calcular de quantos spots precisa, o iluminador leva em conta que a luminosidade diminui em proporção inversa da distância da fonte, ou seja, um spot de iluminação aberta (não dispõe de lente nem de espelhos para criar um facho de luz) que produz iluminação equivalente a 100 velas na distância de 5 metros, se a distância for dobrada para 10 metros ele produzirá uma iluminação de apenas 25 velas (um quarto) nesse ponto mais afastado.

Para aproveitar ao máximo a luz do local, é preciso poder apagar separadamente a parte da assistência, e manter apenas a luz que incide na área de atuação. Simplesmente eliminando todas as fontes de luz desnecessárias coloca-se o foco no palco, onde o iluminador deseja concentrar a atenção dos espectadores. Não sendo suficiente, o iluminador poderá pendurar algumas luzes comuns, mantendo-as oculta da visão do público, e que poderão ser controladas a partir de uma mesa ou console de iluminação.

Luminárias são indispensáveis para a iluminação a cores. Mesmo uma luminária simples como um spot, sem lente ou espelho refletor, usado com uma lâmpada colorida, pode projetar cores sobre o palco e contribuir para o enriquecimento do cenário, para enfatizar o clima de alegria, de tristeza, de mistério, aplicando os efeitos das cores onde forem oportunos.

Varas. Além dos spots, como elemento básico de uma iluminação simples porém eficiente para representações do Teatro Escolar, são imprescindíveis as varas e as torres laterais de luminárias, e a mesa de controle da iluminação

As varas são armações metálicas leves (não se pode caminhar sobre elas) estendidas acima dos atores, de um lado ao outro do palco em sentido transversal. Sustentam as luminárias que apontam para baixo (em ângulos que forem previstos no plano de iluminação). Elas pendem do teto, ou suas extremidades estão presas às paredes de cada lado do palco, ou estão presas ao topo das torres de iluminação.

As luminárias são sempre afixadas as varas suas bases separadas uns 40 cm ou pouco mais. Uma vara de 10 metros acomodará umas 20 luminárias e o peso do conjunto deve ser levado em conta na resistência da vara.

Torres. As torres são indispensáveis para que os atores não sejam iluminados apenas de cima, pelas luzes afixadas às varas. As torres ficam escondidas nas passagens laterais dos bastidores. Os spots das torres estarão voltados diretamente para o lado oposto ou um pouco giradas no sentido do fundo do palco.

Uma típica torre de três degraus pode ter montada, o primeiro próximo ao chão, o outro no meio e o terceiro no alto, em nível inferior ao das luminárias das varas.

As luminárias de cada conjunto nos diversos degraus da torre, em geral estão ligadas a diferentes circuitos elétricos, de modo que poderão ter lâmpadas coloridas controláveis individualmente permitindo os efeitos de várias combinações de cores, conforme um circuito seja ligado ou desligado, amortecido ou intensificado pelos dimmers.

Mesa. A mesa de iluminação é destinada aos interruptores e aos controles de potência chamados “dimmers”. Nela se posiciona o iluminador para, através de seus controles, executar o plano de iluminação da peça.

O Grande Teatro usa modernamente o sistema de iluminação cênica digital, no qual todo o processamento é governado por softwares, enquanto o Pequeno Teatro ainda usa o sistema analógico, mais adequado à iluminação mais simples, mais sofisticada quando cada luminária pode ter controle individualizado.

O uso do dimmer evitará que a mudança de zonas de iluminação seja brusca.O fio positivo de cada lâmpada do cenário liga-se a um dimmer de modo que a intensidade de sua luz pode ser levada do mínimo ao máximo, ou vice versa, o que é talvez o mais importante recurso da iluminação teatral. Igualmente, as lâmpadas poderão ser acesas ou apagadas seletivamente.

No controle da iluminação os circuitos são geralmente listados na seguinte ordem:

  1. da linha de cortina para o fundo do auditório (overhead) (1cove, 2cove)
  2. a partir da linha cortina para o fundo do palco (overhead) (1vara, 2vara, etc)
  3. conjuntos (booms) (em torres ou pendurados)
  4. posições chão
  5. equipamentos de efeitos especiais e equipamentos práticos

As luminárias são normalmente numeradas na seguinte ordem:

  1. do lado esquerdo para a direita do palco (varas);
  2. de cima para baixo (torres);
  3. da frente para o fundo (palco)

As luzes devem ser ligadas através de um dimmer: isso fará com que as lâmpadas durem mais e diminuirá o perigo de uma delas queimar durante o espetáculo.

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Rubem Queiroz Cobra

Página lançada em 22-12-2011.

Direitos reservados.
Para citar este texto: Cobra, Rubem Q. – Iluminação no teatro escolar. Site www.cobra.pages.nom.br, Internet, Brasília, 2011.