Genealogia: Métodos

Hoje: 28-03-2024

Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
Site original: www.cobra.pages.nom.br

Primeiros passos. Genealogia não é um trabalho rápido, com caminho direto para chegar ao ancestral mais antigo. Perde tempo quem escreve a um Arquivo solicitando pesquisa de documentos sobre um sobrenome, sem dispor de dados preliminares consistentes. Também não pode começar simplesmente contratando alguém para pesquisar, pois terá que fornecer dados básicos para o pesquisador, os quais terá que reunir. Contratar um pesquisador deve ser deixado para mais tarde, e não é, definitivamente, o melhor modo de iniciar uma pesquisa genealógica.

O interessado em conhecer a história da sua família deve ir primeiro às fontes mais próximas dele, que são os seus parentes mais velhos, e levantar as tradições familiares, descobrir onde as últimas gerações da família viveram, com que outras famílias a sua se uniu, e o mais que seus pais, tios e avós possam informar. Os primeiros documentos a arquivar, portanto, são a própria certidão de nascimento, ou a certidão de batismo, e a certidão de casamento, civil ou religioso, dos pais.

Com dados coletados no seio da própria família, e depois de visitar arquivos públicos, pesquisar cartórios em locais ligados à história de sua família, terá uma árvore genealógica indicando alguns ramos, a qual orientará o aprofundamento do estudo.

Somente depois de conseguir algumas cópias, reunir algumas certidões de casamento e batismo, de pesquisar em sites da Internet e trocar informações com pessoas de mesmo sobrenome, verificando coincidências geográficas entre locais de procedência, é que um esboço básico da genealogia da família ganha forma. Só a partir desse esboço é possível viajar a locais para investigação mais detalhada, ou consultar arquivos públicos, ou pagar um pesquisador. Para contratar um pesquisador é necessário ter essas informações mínimas.

Quanto mais precisos os dados disponíveis para o pesquisador profissional, mais rápido e profícuo será o seu trabalho. Um modelo de contrato de pesquisa está na página Instrumento de Contrato Particular.

Tipos de documentos e onde encontrá-los. A pesquisa genealógica é antes de tudo uma busca paciente de documentação. Um dos mais importantes documentos para a genealogia é o registro de casamento. Este registro foi responsabilidade exclusiva da Igreja, enquanto a religião foi oficial, do Estado. No Brasil esta foi a situação até o século XIX. Após a proclamação da República passou a existir também o registro civil. Porém, mesmo o registro feito pela Igreja não é assim tão antigo, pois somente após a realização do Concílio Tridentino, que terminou por volta de 1563, os vigários ficaram obrigados a ter livros de registro em suas paróquias. Os arquivos da Igreja Católica, os mais ricos do Brasil, em geral estão nas Cúrias Diocesanas e Arquidiocesanas, ou nas próprias Ordens Religiosas.

Em todas as repartições e cartórios existe a seção de Arquivo. No entanto, com o passar dos anos, os documentos são enviados, obedecidos alguns critérios, para os Arquivos Municipais e Estaduais, e para o Arquivo Nacional. Existem também arquivos na Marinha, no Exército, e em outras repartições que retêm por muito tempo os seus acervos, antes de encaminhá-los ao Arquivo Nacional. Sobre quais tipos de documentos procurar e onde encontrá-los veja ARQUIVOS.

Arquivos dos Mórmons. São riquíssimos os arquivos da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, cuja sede é em Utah, nos Estados Unidos. Os documentos por ela micro filmados estão já em parte arrolados no site da Igreja The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints: International Genealogical Index. Incluem documentos brasileiros. Se você encontrar parentes no estrangeiro, crie uma página na Internet em Inglês, para facilitar contactos internacionais (exemplo, nossa página The Cobra Family Genealogy, que nos rendeu alguns contactos úteis).

Uma breve explicação sobre os Mórmons, está ao final da página ARQUIVOS.

Nomes e abreviaturas. A leitura da documentação antiga é uma tarefa um tanto difícil para o iniciante, mas que vai, após algum esforço, tornando-se cada vez mais fácil. Existem umas poucas regras que facilitam muito a leitura dos documentos mais difíceis. É imprescindível também conhecer de antemão as formas de abreviatura comuns em cada época. Sofrem abreviatura não somente palavras comuns muito repetidas nos textos oficiais, como também os nomes mais comuns das pessoas. Existem livros inteiramente dedicados a este problema.

Alguns nomes e sobrenomes passaram a existir a partir de abreviaturas como por exemplo “Roiz”, abreviatura de Rodrigues; Brites, abreviatura de Beatriz; Alves, provável abreviatura de Alvarez, etc. Veja algumas abreviaturas em nossa página Técnicas de leitura: nomes e abreviaturas em documentos dos séculos XVII E XVIII.

Tradição familiar. Não substitui os documentos, mas é importante para orientar a pesquisa no sentido de qual tipo e onde buscar documentos. Nomes de cidades, nomes de fazendas, histórias de imigração ou emigração, fatos políticos em que esteve envolvida a família, ficam como lendas deixadas pelas gerações mais antigas para as gerações mais novas. Essas lendas podem revelar pistas valiosas para a pesquisa.

Historiografia local. Enquanto produz a história da família, o pesquisador ficará inevitavelmente envolvido com a historiografia local. Fatos da história municipal, estadual e nacional irão adquirir um significado particular, quando encontrar um antepassado neles envolvido. Ao desenvolver minha própria pesquisa, surgiu como personagem de extrema relevância Dom Pedro Miguel de Almeida Portugal, o Conde de Assumar, governador de São Paulo e Minas, de quem um dos ancestrais da família Cobra, Domingos Rodrigues Cobra, foi procurador em vários de seus negócios. Ao encontrar vinculações dessa natureza, o pesquisador poderá trazer uma valiosa contribuição para o estudo da História em seu Estado.

Pesquisa no Brasil e no estrangeiro. Distribuição muito parecida à que tem a documentação no Brasil ocorre nos demais países, mas é comum nos países desenvolvidos existirem Sociedades de Genealogia que têm índice geral de documentos. Em Portugal existem os Arquivos dos Conselhos Municipais, os Arquivos Distritais, e o Arquivo Nacional conhecido por Torre do Tombo. Quanto à documentação que interessa à pesquisa de linhagens africanas, tem peculiaridades quanto a tipos de documento, locais de pesquisa, e uma metodologia que precisa ser divulgada por aqueles que acumularam experiência nessa área.

As Bibliotecas municipais, estaduais e as Bibliotecas Nacionais tanto no Brasil como no exterior têm, em geral, não apenas livros mas também arquivos de documentos históricos.

Obras já publicadas. O primeiro passo na pesquisa genealógica com certeza mais aconselhável é buscar encontrar alguma obra que tenha referências à sua família, ou possivelmente, uma obra já existente sobre a sua família. Há um grande número de obras de genealogia já publicadas no Brasil. Cito alguns títulos em BIBLIOGRAFIA.

Listas de debates e pesquisa. Existem listas de pesquisadores que trocam informações e se ajudam mutuamente na pesquisa. É útil para o iniciante participar de uma destas listas, ou de quantas estejam na área onde viveram seus ancestrais. Infelizmente aqueles das quais participamos e nos foram muito úteis foram fechadas. Mas o leitor pode localizar dezenas de outras listas para diversos países se pesquiar através do GOOGLE as palavras rootsweb GENEALOGIA e yahoogroups GENEALOGIA.

Estudos conduzidos por nós. Nosso livro Um comerciante do século XVIII tem dois capítulos de genealogia comentados. A obra contem também a descrição de fatos históricos relativos ao governador das Minas Gerais, o Conde de Assumar, principalmente uma pista para os negócios que ele realizou quando no exercício do governo, em Mariana. Acabamos de publicar Contribuição à Genealogia e História dos Távora no Brasil com os resultados da nossa pesquisa relativa às famílias Fernandes Távora e Silveira Távora.