Baile de Debutantes

Hoje: 20-04-2024

Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
Site original: www.cobra.pages.nom.br

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Acompanhante. Cada debutante convida um parente ou amigo para ser o seu par ou “acompanhante”, e cabe à sua família pagar por esse convite e custear a mesa de modo que ele não tenha despesas. O par dançará com a debutante depois de seu pai, e também ele usa o traje indicado para o baile e deve comprometer-se com ela quanto a esse particular. Ela dá o nome e os dados do acompanhante ao comitê, e este é que envia o convite (não a debutante ou sua família). O acompanhante manda entregar um buquê de flores à debutante na manhã do dia do baile. Ele agradece à debutante e seus pais no fim da festa.

O comitê, ou as próprias jovens, devem escolher dois jovens, ou mais, que estarão disponíveis para o caso de faltar um acompanhante. No caso de não substituírem um ausente, eles poderão dançar com qualquer das debutantes depois do seu par, mas não estarão à mesa de nenhuma delas, salvo decisão de alguma que os queira também como convidados da família. O acompanhante deve ser avisado de que não poderá levar consigo nenhum amigo, mesmo supondo que ele possa agradar e que à porta se dará um jeito para que entre, por exemplo, chamando a própria debutante para interferir em seu favor. A segurança não permitirá em nenhuma hipótese a entrada sem convite e sem o traje estabelecido.

O projeto de assistência social. As jovens irão dedicar apreciável quantidade de tempo ao trabalho voluntário para a comunidade. Esse trabalho em um hospital, em projetos sociais da Igreja, em ajuda a creches, asilo de velhos e junto a outras entidades beneficentes locais deverá ser documentado com fotografias para um painel de exposição em local público como a principal biblioteca da cidade, o foyer de um teatro, um salão da Assembleia Legislativa, etc. e a projeção na tela por ocasião do baile. A documentação fotográfica servirá de inspiração para a propagação do conceito correto do Baile-de-debutantes e exemplo estimulante para os grupos futuros.

As tarefas de assistência social serão selecionadas de comum acordo com as debutantes e com as entidades beneficiadas. A própria Comissão terá um ou mais membros que se incumbirão de planejar e acompanhar essa atividade.

São tantas as possibilidades de atuação na assistência social que não haverá dificuldade em escolher um projeto adequado para realizar essa importante parte do programa do Baile. A segurança das moças deve ser a primeira preocupação: que o trabalho não seja arriscado, pesado, chocante, ou demasiado exigente em tempo de serviço. O projeto beneficente pode ser individual, mas é preferível que seja da responsabilidade de grupos formados entre as debutantes, ou de todas elas atuando juntas sob a orientação de um coordenador de projeto. Este procedimento é recomendável, consideradas a importância do mútuo encorajamento entre as participantes – como a visita e ajuda em um hospital infantil, p. ex. –, ou a facilidade para a coordenação dos trabalhos pelo responsável da área, e várias outras razões.

O projeto de ensino. O membro ou os membros da comissão responsáveis pela instrução das debutantes fixarão um certo número de aulas de professores que passarão às debutantes noções de política, história e organização institucional, e os conhecimentos indispensáveis de Boas Maneiras e Etiqueta (como falar, como caminhar, como se comportar à mesa de refeições, no trabalho, nos encontros sociais) e aulas de dança. Providenciarão também os eventos para a prática das normas ensinadas.

A valsa é a dança que tradicionalmente as debutantes dançam com os pais e com seu par, após a sua apresentação. Na tradição europeia, no Baile-de-debutantes dança-se a valsa à esquerda, ou seja, nenhum passo é dado à direita. Não importa que outros ritmos sejam dançados depois, a tradição da primeira valsa é sempre mantida, e é para dançá-la que as debutantes usam longos e os seus pares vestem traje a rigor. A Comissão terá que ser estrita e firme em manter certas linhas tradicionais da estrutura do Baile-de-debutantes, como o ritual da apresentação e a valsa, ou perderá o controle e estará promovendo um baile vulgar, caracterizado por algum modismo inteiramente vazio de significado, e com resultados nulos.

Os Chás e as avaliações. A Comissão promoverá uma reunião com as candidatas ao baile para comunicar a avaliação das respectivas atuações no projeto social e do aprendizado em Boas Maneiras, Etiqueta e Cidadania, e fará as recomendações que se fizerem necessárias. Cada candidata será convidada a falar da sua experiência no programa.

Na eventualidade de, apesar do compromisso assumido, algumas jovens não demonstrarem maior interesse pela promoção, ou pretender subverter o esquema definido pela Comissão e aceito e aprovado pela Patronesse, sua mãe deve ser informada e se isto não resolver a questão, ela deve ser dispensada do grupo. Todas as que não preencheram a demanda do programa terão sido avisadas anteriormente e não serão convidadas a participar dessa reunião.

Se houver uma ou mais patronesses do Baile, a ocasião da avaliação é ideal para que sejam apresentadas às candidatas. A reunião será também a oportunidade para que façam seus convites para um Chá em que receberão a Comissão e as candidatas e suas mães, em suas residências. Não havendo uma patronesse, a Comissão Organizadora, ou pessoas proeminentes da sociedade a seu pedido, promoverão um ou mais chás com a mesma finalidade.

Ao receber as debutantes, as anfitriãs procederão com o maior refinamento, e a recepção será como um teste para as jovens que, na fase preparatória, foram educadas nos melhores princípios de Boas Maneiras e Etiqueta. As mães são convidadas e devem acompanhar as filhas a qualquer evento social na suposição de que, antes do Baile, permanecem ainda socialmente sob a tutela de seus pais

Os convites. Os convites para o Baile-de-debutantes não são feitos pela jovem debutante nem por seus pais, mas pela Comissão organizadora. Esta convida inclusive as patronesses, se houver, porque o fato de contribuir com recursos para a realização do baile não faz da pessoa uma anfitriã, porém ela comparecerá como convidada de honra.

A Comissão aceita um número limitado de amigos que uma debutante queira chamar, além de seus pais e do par que escolheu. Os parentes precisam aceitar esse fato que não é questão que se resolva com pagamento de ingressos porque a limitação vem do espaço disponível e dos custos que a patronesse ou a própria Comissão se dispõem a aceitar.

Ensaio. Como se trata de um ritual bastante simples, é suficiente que as debutantes compareçam a apenas um ensaio no local em que será realizado o baile. Elas ouvirão as instruções, saberão onde ficará a mesa da Comissão e da Patronesse, a posição da orquestra, do arco de passagem (se houver) para a apresentação, a tela onde serão projetados seus retratos e as fotos tiradas na etapa preparatória, que mostrarão flagrantes do seu trabalho social, das recepções a que compareceram, além das informações pessoais a seu respeito. Durante uma derradeira reunião com os pais, eles serão avisados do que será na essência a apresentação, com a explicação do seu papel, que se resumirá a postar-se cada pai junto a sua filha, na proximidade do arco, onde aguardarão que o nome dela seja chamado e então ele lhe dará o braço esquerdo e passarão sob o arco, dirigindo-se à mesa onde cumprimentarão seus integrantes, ela primeiro e ele em seguida. Retornarão às suas mesas e aguardarão o chamado para a valsa. Cada debutante gravará na memória não apenas o seu papel, mas também os que desempenharão o seu pai e o seu par na dança.

Nos dias que antecedem o baile cada debutante prepara sua biografia resumida e responde a algumas questões relativamente à sua mudança para a cidade no caso de que sejam procedentes de outros locais do interior ou de outros Estado, a como descreve a experiência vivida no trabalho social, quais seus planos para o futuro com respeito a uma profissão e ingresso na universidade, etc. como preparação do material a ser lido pelo comunicador no momento de sua apresentação, inclusive as fotos para a projeção.

Segurança. É necessário o apoio de um serviço especializado junto à entrada do local do baile e também no salão. Na portaria, deve ser exigido o convite sem constrangimento, e carteira de identidade. Se o traje for a rigor, pode ser mais fácil para a segurança, que simplesmente não deixará ninguém entrar que não esteja vestido como exigido. Qualquer convidado que chegue demonstrando estar sob influência de álcool ou qualquer outra droga precisa ser contido na entrada ou, se notado no interior do salão, convidado a se retirar. O consumo de cerveja, uísque, vinho, pode ser acompanhado discretamente e por ordem da segurança algum participante que esteja se excedendo poderá ter cortado o atendimento. É o melhor modo prevenir e evitar as brigas que acontecem entre jovens imaturos mesmo nos bailes formais da mais alta classe.

Publicidade. Um baile de debutantes somente é notícia depois de realizado. Não se informa nada aos meios de comunicação antes de sua realização, por medida de segurança e por muitas outras razões que tornam inconveniente a divulgação prévia da realização do baile. Caso se deseje uma cobertura pela televisão, é conveniente que o jornalista incumbido dessa cobertura mantenha reserva sobre a sua missão. As jovens devem informar a seus acompanhantes e parentes que a divulgação é desaconselhável. Ninguém deve dar notícia no salão de beleza de que está se penteando para um baile de debutantes, nem comunicar a data ao empregado da loja onde adquire ou aluga as roupas para o baile. Jovens impertinentes, sabendo do baile promovido pela escola, se acham no direito de entrar sem se submeter a nenhuma regra. Penetras habituais têm suas técnicas de mentir e enganar os porteiros. Alguns são “homens aranhas” que sobem na parede ou em uma árvore para alcançar uma janela por onde entrar, ou invadem quintais vizinhos e saltam cercas. A segurança deve estar atenta aos pontos vulneráveis por onde possam entrar indivíduos indesejáveis.

Apresentação. No salão de baile as debutantes passam sob o arco e avançam sobre a pista de braços com o pai. Não é correto que entre de braços com o acompanhante porque este é um figurante que desempenha seu papel simbólico somente após a apresentação, após o debut, simbolizando que a partir de então a jovem está pronta a aceitar um compromisso afetivo que conduzirá ao casamento e à constituição da família. Cada debutante carrega seu pequeno buquê de flores em sua mão esquerda e dá o braço direito ao pai, no desfile de apresentação.

Um comunicador anuncia ao microfone o nome da debutante e de seu pai, “Apresentando-se a Senhorita ….., filha do sr…..e da senhora….”e lê uma curta biografia escrita pela debutante para a ocasião, na qual ela diz sua cidade natal, a série em que está no colégio, qual carreira pretende seguir e porque. Mostra slides de seu trabalho social ou de sua presença no chá na companhia de sua mãe. Ao final diz: “Seu acompanhante é o jovem (ou o Sr.)…. . O pai beija a mão e A filha recebe da patronesse ou da convidada de honra o chamado “Presentinho da dama” e agradece e o pai, em seguida beija a mão da senhora com um agradecimento que pode ser apenas um “muito obrigado” (Não deve se alongar para não atrasar as apresentações). O “presentinho” é como uma chave ou senha que abre para a jovem o mundo social. Costuma ser um anel em ouro, simples e leve, não muito dispendioso, mas com qualidade para ser guardado como lembrança preciosa pela nova Dama que, nesse momento, acaba de debutar.

Esse presente pode ter uma dádiva da patronesse, ou pode ter sido providenciado pela Comissão Organizadora que incumbe a convidada de honra de entregá-lo. Após cumprimentarem com um aperto de mão os demais membros da mesa, pai e filha retornam para sua mesa, a fim de aguardar a valsa.

A valsa, o jantar e o encerramento. Terminadas as apresentações, o comunicador anuncia a valsa das debutantes e cada uma delas entra na pista para dançar com seu pai a valsa de despedida da sua condição de tutelada pela família. Após um ou dois minutos, a um sinal do mestre de cerimônia, os acompanhantes avançam para a pista para interromper os pais e tomar cada um a sua dama. Ainda durante a valsa, enquanto a debutante dança com seu par, seu pai volta à pista dançando com a sua mãe. Só depois de algum tempo, terminada a atividade do fotógrafos que registram o momento, o Comunicador interrompe o Baile para que um membro da Comissão faça um breve discurso em que saúda as debutantes e seus pais e apresenta à patronesse os agradecimentos pelo seu apoio na promoção do Baile, ou à convidada de honra por haver aceito o convite, e anuncia o jantar. Após esse pronunciamento inicia-se o jantar, e a orquestra faz apenas um fundo musical discreto, por uns vinte a trinta minutos, e então retoma o ritmo de baile, e os casais, à medida que terminam sua sobremesa, encaminham-se para a pista de dança.

Não havendo jantar, após o breve pronunciamento do representante da Comissão, o Comunicador convida: “Todos na pista para dançar”. Deste momento em diante o evento continua como um baile formal comum.e a debutante pode trocar seu par, e todos os casais que desejarem passam à pista de dança. A orquestra inicia outros ritmos, mas se uma valsa ainda for tocada poderá ser dançada também à direita. A orquestra não toca Parabéns-para-você, nem é cortado bolo de aniversário.

Após a valsa de apresentação, os convidados de honra se retiram discretamente para a mesa no salão que lhes estiver reservada e a mesa dos cumprimentos fica vazia. Um ou mais membros da Comissão Organizadora e todo o pessoal da segurança permanecem até a hora estipulada com a orquestra ou conjunto para o encerramento do baile. O serviço de bufê ou bar pode ser encerrado meia hora antes do final. A orquestra sinaliza o fim do baile com uma curta valsa de despedida.

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Rubem Queiroz Cobra

Página lançada em 02-05-2007.

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Para citar este texto: Cobra, Rubem Q. – Baile de Debutantes. Site www.cobra.pages.nom.br, Internet, Brasília, 2007.