O Brasil Visto do Exterior

Hoje: 26-04-2024

Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
Site original: www.cobra.pages.nom.br

Todo brasileiro sabe que o Brasil é visto no exterior como um país ainda atrasado sob vários aspectos, mas que, no entanto, tem um povo que é muito alegre, festeiro e feliz, que dança samba e joga futebol e, no convívio breve com um estrangeiro visitante, é muito hospitaleiro. Também está consciente de que, há séculos, o País enfrenta os mesmos problemas: incompetência e descaso na gestão da coisa pública, mistificação política, burocracia preguiçosa e oportunista, criminalidade e insegurança.

Décadas de debates e experiências em educação pouca mudança produziram no perfil de atraso do País. Embora seja considerado um país emergente entre as nações mais ricas, o rótulo que sempre coube melhor ao Brasil foi o de “país subdesenvolvido”. No concerto das nações, ninguém leva a sério um país que nunca teve um prêmio Nobel, nem mesmo nos campos de menor prestígio desse prêmio. Entre nós, raras são as pessoas sérias e que aceitam responsabilidades. A maioria evita qualquer compromisso. Na ciência as pesquisas, devido às falhas de várias naturezas que obstaculizam sua realização, não são suficientemente profundas para trazerem novas descobertas.

E ninguém se esquece do estigma que trouxe para a nação a frase “O Brasil não é um país sério!”. Essa afirmativa foi, a princípio, atribuída erradamente ao General De Gaulle, presidente da França, em visita ao Brasil, na década de 1960, mas ficou provado que ela havia sido cunhada na embaixada do Brasil em Paris por um diplomata brasileiro que, com certeza, conhecia muito bem o seu país.

Diz Maria Clara Vieira, em artigo publicado na revista Veja de 25 de maio de 2018, que, em cruzamento inédito feito pelo IDADOS (instituto especializado em analisar os números globais do ensino), os brasileiros que estão no topo da pirâmide escolar tiram notas semelhantes às dos alunos apenas medianos da OCDE (organização que reúne as nações mais ricas). A OCDE, desde o ano 2000, aplica exames para aferir o nível dos alunos de 15 anos em três áreas: leitura, matemática e ciências.

Causou horror a divulgação do vídeo da reunião ministerial ocorrida a 22 de abril de 2020, no Palácio do Planalto, comandada pelo presidente da República. Sem pretender ironizar, ministros que compunham a mesa de debates lembravam adolescentes atrevidos, de mentes sórdidas, reunidos para discutir – usando termos de baixo calão – como trair o povo, aproveitando aquele momento em que suas mentes estavam transtornadas pelo medo da pandemia do covid-19 que ceifava vidas aos milhões em todo o mundo, com especial rigor no Brasil. O leitor encontrará em várias fontes da internet detalhadas referências a esse evento que pôs a nu o quanto a imaturidade dos que nos governam é responsável pela má condução da coisa pública entre nós no Judiciário, no Legislativo ou no Executivo.

A 24/3/2021, assistimos, atônitos, pela TV da nossa mais alta Corte, o julgamento do juiz Sérgio Moro por suposta parcialidade em suas sentenças na operação Lava Jato.

O irado e apoplexo juiz que presidiu o julgamento se fez de promotor, acusando o réu com incontrolável paixão, baseado em uma ladainha de provas aparentemente colhidas em uma lixeira. Irritou-se, com notória parcialidade, marcada por esgares de ódio, contra um colega que não partilhava seu voto pela condenação do réu. A grosseira parcialidade do furibundo juiz silenciou a corte e escandalizou o Brasil. Mais uma prova de imaturidade pessoal de alguns de nossos juízes. Nesse episódio tornou-se impossível, quanto ao crime supostamente praticado, distinguir-se moralmente o acusador do acusado.

A pessoa que sabe do seu alto QI e é imatura pensa que não erra e que os outros a devem seguir. Pior ainda se ganha um mandato eletivo concedido por uma população que vota porque está obrigada a isto para garantir o recebimento de seus salários. A partir daí desenvolvem-se o autoritarismo, a intolerância, o preconceito e outros males.

Veja, por favor, as páginas vinculadas: “Situação do Brasil“, “Da Mentira À Corrupção“.

Rubem Queiroz Cobra

Página lançada em 07-02-2022.

Direitos reservados.
Para citar este texto: Cobra, Rubem Q. – O Brasil visto do exterior. Site www.cobra.pages.nom.br, Internet, Brasília, 2022.