Hoje: 13-12-2024
Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
Site original: www.cobra.pages.nom.br
Uma criança que tenha o seu grau de maturidade mental com todas as suas aptidões presentes, por força da primeira delas, o discernimento, e por volta dos sete anos de idade – segundo Jean Piaget –, alcança a racionalidade. Este é o ponto de partida da sua maturidade pessoal. Ela se tornará uma pessoa com uma personalidade madura, na medida em que possa controlar racionalmente suas inclinações naturais e em quaisquer circunstâncias agir com a plenitude de uma assumida nobreza do ser humano. Teremos, um dia, um método que, ao utilizarem-no, os casais tenham certeza de que seus filhos se desenvolverão dessa maneira?
Pelo menos um se sabe que já poderia fornecer bons resultados. Seria uma seleção de indivíduos bem-dotados procriando entre si, constituindo uma experiência eugênica, partindo de seleção e procriação limitada aos indivíduos que tivessem seus traços de personagem maduros.
O estatístico inglês Francis Galton, primo de Charles Darwin, cunhou o termo “eugenia” em 1883 após estudar as qualidades hereditárias da inteligência e habilidade humanas.
O grande progresso então feito pela genética, casado com as observações de Galton, inspirou uma série de discussões e de iniciativas relativas aos aspectos econômicos benéficos que pareciam consequência certa se as nações pudessem se livrar das pessoas deficientes, dos que por qualquer razão se tornassem uma carga financeira para o Estado ou ameaça à segurança da população. Nas escolas criaram-se classes de alunos menos dotados, que recebiam educação de modo mais lento, e classes reunindo alunos melhor dotados de inteligência, conhecido pela abreviação Q.I. Os testes ganharam momentum como ferramenta própria para proceder a essa seleção.
O movimento eugênico ganhou impulso na América do início do século XX como, entre outras coisas, uma maneira de explicar a genialidade e o bom caráter, bem como a criminalidade, o mau comportamento social e a “fraqueza mental”. Os eugenistas procuraram melhorar a população humana encorajando indivíduos “aptos” a procriar (eugenia positiva) e desencorajando ou prevenindo a reprodução dos “inaptos” (eugenia negativa). Isso levou à esterilização forçada de milhares de americanos e, no caso da Alemanha nazista, à justificativa para o assassinato de milhões de pessoas.
Porém, as questões morais logo levantadas em relação ao controle da população por meio da eugenia cresceram grandemente quando esta passou a servir a objetivos escusos ou mesmo altamente imorais — do menos discutível emprego na seleção dos mais aptos, alcançou o assassinato em massa na primeira metade do século XX. O modo como o nazismo praticou a eugenia demonizou essa prática.
Do assassinato em massa durante o Holocausto à esterilização compulsória na Índia na década de 1970 e a política do filho único da China, a eugenia minou a conversa séria sobre o planejamento familiar global ou estratégias para combater a mudança climática, a pobreza e a superpopulação ao abordar o crescimento populacional global.
Porém, essa teoria pode ser levada a cabo com legitimidade se a sua prática tiver objetivos legais. Deve-se dar a oportunidade às pessoas para fazerem seu planejamento familiar praticando a sua eugenia familiar, por meio de exames do DNA e dos testes de QI e outros que forem importantes para confirmar a maturidade mental e a maturidade pessoal dos seus parceiros, de modo a obterem uma prole bem-dotada.
Rubem Queiroz Cobra
Página lançada em 07-02-2022.
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Para citar este texto: Cobra, Rubem Q. – Eugenia. Site www.cobra.pages.nom.br, Internet, Brasília, 2022.