François Hotman

Hoje: 19-04-2024

Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
Site original: www.cobra.pages.nom.br

François Hotman, Hotomannus (15241590) intelectual e jurista protestante, nascido em Paris e falecido na Basileia, foi casado com Claudine Aubelin (m. circa 1547), seu pai, Pierre Hotman, era católico e membro do parlamento em Paris.

Aos 15 anos foi para a universidade de Orléans e em três anos obteve o grau de doutor. Porém decidiu não advogar, preferindo o estudo de jurisprudência e da literatura, e em 1546 foi indicado docente de Direito Romano na universidade de Paris.

Foi o exemplo de fé e patriotismo do conselheiro Anne Dubourg, membro do Parlamento francês, que por protestar contra a submissão da França ao Papa em Roma foi preso por Henri II e condenado à morte por François I, que o levou a converter-se ao protestantismo integrar o grupo dos monarchomaques protestantes, que consideravam um dever cívico de violência justa a revolta contra a monarquia liberticida e subserviente ao Papa em Roma. Em consequência, deixou Paris em 1547 e foi para Lyon, e de lá para Genebra e Lausanne, principais núcleos do protestantismo, onde, por recomendação de João Calvino, ele foi nomeado professor de literatura e história, e casou com Claudine Aubelin, uma fugitiva das perseguições aos protestantes em Orleans.

A convite da magistratura, ele lecionou Direito em Estrasburgo em 1555, e tornou-se professor em 1556, substituindo Francisco Balduíno, que tinha sido seu colega em Paris. Sua fama era tal que disposição de recebê-lo foram manifestadas pelo juiz da Prússia e Hesse, e por Elizabeth I, da Inglaterra.

Visitou duas vezes a Alemanha, em 1556, acompanhando Calvin à Dieta de Frankfurt. Foi encarregado pelos líderes huguenotes de missões confidenciais junto a potentados alemães, em uma ocasião com credenciais de Catarina de Médici. Em 1560 ele foi um dos principais instigadores da conspiração de Amboise e, em setembro do mesmo ano, esteve com Antoine de Navarra em Nérac.

Em 1562 ligou-se a Condé. Em 1564 ele se tornou professor de Direito Civil em Valence, ao sul de Lyon, recuperando com seu prestígio a fama de sua universidade. Em 1567 ele sucedeu a Cujas na cadeira de jurisprudência em Bourges. Cinco meses depois a sua casa, com sua biblioteca, foram destruídas por um grupo católico, ele fugiu para Paris, onde L’Hôpital fez dele historiógrafo do rei.

Como representante dos huguenotes, ele foi enviado a Blois para negociar a paz de 1568. Ele voltou a Bourges, apenas para ser novamente expulso pelo início das hostilidades. Em Sancerre, durante o cerco, ele compôs sua Consolatio (publicado em 1593). A paz de 1570 o trouxe de volta a Bourges, de onde ele fugiu uma terceira vez, em consequência do massacre do dia de São Bartolomeu (1572).

Em 1573, após a publicação de sua Franco-Gallia, ele deixou a França para sempre com sua família, e se tornou professor de Direito Romano em Genebra e depois na Basileia em 1579. Em 1580 foi nomeado conselheiro de Estado de Henrique de Navarra. Em 1582, fugindo da praga levou a família para Montbéliard, mas lá faleceu sua esposa.

Voltando para Genebra em 1584, ele fez uma incursão na ciência da época, realizando estudos de alquimia e pesquisa da pedra filosofal. Em 1589 retirou-se definitivamente para Basileia, onde morreu a 12 de fevereiro de 1590 e foi enterrado na catedral, deixando dois filhos e quatro filhas.

Deixou trabalhos sobre direito, história, política e cultura clássica. Seus trabalhos mais importantes: De gradibus cognationis (1546), um tratado sobre a Eucaristia (1566); o tratado Anti-Tribonien (1567) para mostrar que o Direito francês não podia basear-se no código de Justiniano; a vida de Coligny (1575); o polêmico Brutum fulmen (1585) contra a bula papal de Sisto V. Ele propôs a ideia de reunir o Direito francês em um código nacional, o que não chegou a ver realizado.

Rubem Queiroz Cobra

Página lançada em 00-00-1997.

Para citar este texto: Cobra, Rubem Queiroz – NOTAS: Vultos e episódios da Época Moderna. Site www.cobra.pages.nom.br, Internet, Brasília, 1997.