Preconceito Religioso

Hoje: 18-04-2024

Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
Site original: www.cobra.pages.nom.br

Para cada pessoa que crê, a religião em que nasceu e em que foi educada representa o modo como Deus se revelou para ela, e sua doutrina lhe prescreve como deve servi-Lo. De um modo geral, o indivíduo guarda a sua fé tal como esta lhe foi dada, e cumpre as boas normas de sua religião como estas lhe foram prescritas.

Considerar esse fundamento me parece essencial para o mútuo respeito e a cordialidade, quando a preocupação é um bom relacionamento social entre pessoas de credos diferentes. Mas este respeito não impede a discussão sobre as religiões, nem o proselitismo, porque um crente poderá, – pelo trabalho esclarecedor de um apóstolo –, adotar outra religião que venha a entender que possa, de fato, ser mais completa em relação ao conceito universal de Deus, que aquela que lhe serviu de entrada na fé.

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Considerar esse fundamento me parece essencial para o mútuo respeito e a cordialidade, quando a preocupação é um bom relacionamento social entre pessoas de credos diferentes. Mas este respeito não impede a discussão sobre as religiões, nem o proselitismo, porque um crente poderá, – pelo trabalho esclarecedor de um apóstolo –, adotar outra religião que venha a entender que possa, de fato, ser mais completa em relação ao conceito universal de Deus, que aquela que lhe serviu de entrada na fé.

Mas esse bom entendimento tem um inimigo: o fundamentalismo.

De acordo com a Enciclopédia New Advent, a expressão “artigos fundamentais” foi utilizada pelos teólogos protestantes durante o século XVII para distinguir as partes essenciais da fé cristã das partes não-essenciais que eles acreditavam, poderiam variar de uma igreja para outra sem que elas deixassem de pertencer à Igreja universal. Eles esperavam que, desta forma, encontrar uma base dogmática para a união entre as igrejas separadas. Mas, ao contrário, essa ideia encontrou ferrenhos opositores, para os quais a doutrina era uma única e que todas as suas partes eram fundamentais para a Salvação. Entendo que ai esteja a raiz do termo “fundamentalismo”, um fenômeno que ocorre em todas as religiões, dividindo os seus fiéis em dois partidos inimigos, quando os fundamentalistas são ativistas por acreditarem que o seu ´próprio fundametalismo lhes impõe que combatam e exterminem o partido oposto, inclusive, por extensão, também as nações infiéis.

Esse fundamentalismo rigoroso é que alimentou inúmeras guerras e chacinas uma vez que cada corrente religiosa. que se batiam contra os mais tolerantes, que admitiam alguma diferença como aceitável e compatível com a salvação, desde que os artigos fundamentais fossem respeitados.

A visão de que as doutrinas pode ser assim distinguidos em duas classes era muito corrente nos diversos órgãos reformadas, e vários conhecidos teólogos tentaram determinar o princípio da divisão. Em alguns casos o objetivo era principalmente prático. Mais frequentemente, entretanto, o sistema foi utilizado de forma controversa para defender a posição dos órgãos protestantes contra os argumentos dos católicos. This term was employed by Protestant theologians to distinguish the essential parts of the Christian faith from those non-essential doctrines, which, as they believed, individual churches might accept or reject without forfeiting their claim to rank as parts of the Church universal. During the seventeenth century, the view that doctrines might be thus distinguished into two classes was widely current in the various reformed bodies; and several well-known divines endeavoured to determine the principle of the division. In some cases their aim was mainly practical. They hoped in this way to find a dogmatic basis for union between the separated churches. More often, however, the system was used controversially to defend the position of the Protestant bodies against the arguments of Catholics.

AS RELIGIÕES E SEUS LÍDERES.

As cinco religiões mais importantes para o Ocidente são a Católica, a Ortodoxa, a Protestante e a Judaica (Europa e Américas), e a Muçulmana (África e Oriente; em razão da migração, alguns países do Ocidente).

† A Igreja Católica tem sua sede no Vaticano, um Estado incrustado na cidade de Roma. Lá reside o Papa, tido pelos católicos como herdeiro das responsabilidades de Pedro, que foi o primaz entre os apóstolos de Cristo. Seu templo mais importante é a Basílica de São Pedro. A Igreja católica é fortemente envolvida em liberdade, justiça social e ecumenismo.

Na Igreja católica o sacerdote é um homem com formação superior: estuda teologia por quatro anos, depois de um curso de nível universitário em filosofia. É uma pessoa apta não apenas ao aconselhamento religioso, mas também a conversar sobre os problemas ordinários da vida de seus paroquianos (pobreza, trabalho, educação dos filhos, etc.). A fim de poder dedicar-se inteiramente ao seu ministério, não constitui família.

Ω A Igreja Ortodoxa tem sua sede no Fanar, um histórico bairro grego em Istambul (ex-Constantinopla e ex-Bizâncio), na Turquia, onde reside o Patriarca Ecumênico (Chefe das Igrejas ortodoxas de todas as nacionalidades); seu templo mais importante é a Igreja de São Jorge. A Igreja Ortodoxa é ecumênica no sentido de união entre suas ramificações de várias nacionalidades que se tornaram autônomas.

O sacerdote ortodoxo tem formação e deveres iguais aos dos padres católicos. Usar barba é obrigatório. Homens casados podem ser ordenados padres, mas um padre solteiro não pode se casar. Os bispos não são casados.

# As diferentes denominações protestantes têm cada uma sua forma de governo, em geral um colegiado de pastores ou de bispos.

O Pastor é o líder entre os protestantes. A formação superior não é imprescindível ao ministro ou pastor protestante, o qual terá um nível cultural maior ou menor conforme a comunidade que serve for mais ou menos exigente. Ele é escolhido entre os próprios leigos para se dedicar ao ministério, e pode constituir família. Na maioria das vezes é uma pessoa simples e piedosa, que segue rigorosamente os minuciosos códigos e escrituras da sua doutrina.

 Os judeus consideram o muro das lamentações – ruínas que restaram do Segundo Templo de Jerusalém – como seu lugar mais sagrado. A nacionalidade e a religião tendem a se confundirem no que toca ao Estado de Israel, mas são independentes nos demais países.

O rabino é o líder religioso da comunidade judaica. Pode casar-se. Seu conhecimento das Escrituras e dos Códigos de Lei, sua fé e a retidão de sua família formam a base da sua autoridade.

۩ Os muçulmanos, como os Protestantes, têm uma variedade de seitas (Sunitas, Xiítas, Talibãs, etc.), cada uma com sua própria autoridade constituída. Os lugares santos porém são comuns e são a Caaba, em Meca, e a Mesquita de Medina onde está o túmulo de Maomé, o fundador do Islã, falecido em 632 da Era Comum. Há uma sólida unidade entre o Islã e a política, o que leva à constituição de sistemas teocráticos (liberdade limitada pelos códigos da religião oficial) nos países em que domina.

O Imã é o sacerdote e chefe espiritual no Islã e dirige as atividades da Mesquita. Lidera os fiéis nas orações, profere os sermões, realiza os casamentos e o serviço fúnebre. Deve possuir família, pois o islamismo não aceita o celibato masculino.

O fiel de uma religião é sensível ao tom pejorativo ou preconceituoso com que alguém, de outra crença, aborda certos assuntos respeitantes à sua fé.Ao conversar sobre religião com alguém de outra crença, deve-se evitar assuntos que possam ser entendidos com sentido pejorativo, preconceituoso ou discriminatório. Considerando o respeito à auto-estima do outro como preocupação fundamental de Boas-maneiras, deve-se evitar assuntos que signifiquem a intenção de diminuir o outro, desmerecendo sua religião. A pessoa que estiver curiosa sobre a religião do outro poderá indagar dele quais os dogmas ou aspectos da sua religião ele considera os mais positivos, e escutar com atenção a sua explicação. Ouvi-lo pode ser a oportunidade para aumentar sua própria cultura e a sua compreensão dos povos.

Os católicos se sentem embaraçados se lhes falam da Inquisição, pela qual o Papa João Paulo II pediu perdão em público na passagem do milênio da Era Comum. Deve-se evitar também falar da sua veneração às imagens e do celibato dos padres. Não perguntar aos ortodoxos porque não reconhecem a validade dos sacramentos católicos, já que a Igreja Católica reconhece, desde o Concílio Vaticano II, os da Igreja ortodoxa. Com os Protestantes, que também fizeram vítimas com sua própria Inquisição, evitar este assunto e também não comentar a grande quantidade de seitas e a variedade de denominações em que o Protestantismo se divide. Não perguntar aos judeus porque, afinal, mataram a Cristo, ou que coisa é “sionismo”, ou se a circuncisão é obrigatória. Com os muçulmanos, que igualmente praticam a circuncisão (embora mais por tradição que pela religião), também evitar esse assunto. Não comentar a posição das mulheres no mundo islâmico, um tema próprio mais para conferências feministas e não para um encontro social ou conversa em uma festa. A permanente Guerra Santa para exterminar os infiéis e a extração do clitóris das meninas são assuntos a evitar. Os muçulmanos mais esclarecidos explicam esses fatos como distorções da doutrina original que vigoram em comunidades retrógradas, e que não podem ser apresentadas como conceitos religiosos autênticos.

Esta não é uma página religiosa! A questão da existência de Deus e do Seu poder é também objeto da Filosofia. Seu estudo constitui a Teologia Racional, ou Teologia Natural, que Leibniz chamou Teodiceia. Na Teologia Natural são discutidas as ideias do ateísmo, panteísmo, teísmo e da origem e finalidade do universo. É neste campo que pretendo examinar as provas da existência de Deus, importante questão que está a despertar agudo interesse em nossos dias e que, exatamente pela sua importância, não poderia faltar a um Portal de temas filosóficos.

1. Provas ou apenas antinomias?

Dos esforços de vários filósofos para construírem provas a favor ou contra a existência de Deus, resultaram vários argumentos lógicos com a assinatura de algumas das maiores figuras da História da Filosofia. Porém, Kant, em sua crítica à teologia racional, descarta a todos esses argumentos chamando-os antinomias, ou seja, o dito pelo não dito. Mas, para mim, esses argumentos abrem um caminho lógico inédito, para uma comprovação que não é apenas de ordem metafísica.

2. O argumento ontológico.

Talvez o mais debatido entre os filósofos medievais e modernos, o argumento ontológico procura provar a existência de Deus a partir do próprio conceito de Deus.

“Ontologia” é a Filosofia do “Ente” ou “Ser”; – discute a natureza comum que é inerente a todos e a cada um dos seres. “Ontos” significa, em grego antigo, indivíduo ou ser, e “logia” significa estudo.. Portanto, “ontologia”, considerando-se o gênero humano, é o estudo filosófico, investigativo, do indivíduo como “Ser humano” pelo que é e em comparação com os demais seres vivos. Portanto, uma prova ontológica da existência de Deus é aquela que O toma como um “Ser” existente, e escolhe um dos Seus atributos ônticos, ou ontológicos, para dele fazer derivar uma prova lógica da Sua própria existência.

O fundamento do argumento ontológico é a ideia de Deus, a qual inclui o atributo de perfeição. Se Deus é perfeito, a um ser perfeito não poderia faltar a existência, logo Deus existe. Este argumento remonta a Santo Anselmo, filósofo, teólogo e arcebispo católico de Canterbury no século XI, e por isso é conhecido como “Prova de Santo Anselmo”. Ele argumenta que, uma vez que apreendemos mentalmente o conceito de Deus, podemos ver que a não-existência de Deus é impossível.

Um outro argumento ontológico parecido foi também utilizado pelo filósofo francês René Descartes, que acreditava em ideias inatas. Segundo ele, o homem tem a ideia inata do que é a perfeição, e somente um Ser perfeito poderia ter colocado essa ideia em sua mente. E a conclusão é a mesma de Santo Anselmo: a um Ser perfeito não poderia faltar a existência, logo Deus existe.

A principal objeção ao argumento ontológico é que a existência desse Ser perfeito permanece uma hipótese no mundo das ideias, sem vínculo com o mundo real. Alguma coisa no mundo real teria que corresponder a esse Ente imaginado, ou a seus predicados, como garantia de sua existência.

3. O argumento Cosmológico.

Esta é uma prova que parte do concreto, do que existe e, por essa razão é a mais popularmente aceita. Aponta Deus como causa primeira e necessária para a existência do cosmo – o universo ou mundo – que conhecemos. Remonta a Aristóteles.´

O argumento cosmológico consiste na enumeração de causas dos fenômenos até se chegar a uma causa não causada, que seria Deus, um Criador que transcende o tempo, que não tem começo nem fim.

A dificuldade desse argumento é que, se perguntamos pela causa da existência do universo, podemos igualmente indagar o que causou Deus existir. E se Deus não precisou de uma causa para existir, então também o universo poderia, igualmente, não precisar de uma causa para estar aí como está.

O filosofo Emmanuel Kant considera o argumento cosmológico inaceitável porque consiste em ir enumerando séries de causas até deter-se em uma causa “incausada”. Segundo ele, não há motivo algum para se suspender a aplicação da categoria de causalidade, interrompendo uma sequência de causas em uma causa sem outra causa antecedente.

4. O argumento teleológico.

A terceira suposta prova da existência de Deus é o chamado “o argumento teleológico”, que procura provar a existência de Deus pelo fato de que o universo é ordenado e que todos os seres da natureza cumprem algum fim, servem para alguma coisa, logo deve haver um “fim último” que é Deus. Só uma inteligência criadora poderia ter adequado as coisas à realização de certas finalidades, colocando os planetas em suas rotas em meio a gigantescas galáxias, até a organização microscópica dos menores seres vivos. Isto não teria acontecido por acaso mas sim, pensado por um Ser sapientíssimo, Deus.

Contra este argumento Kant diz que a teleologia é um método empregado para descrever a realidade, e de que de um simples método de organizar o conhecimento não se pode extrair qualquer outra consequência. Argumenta que, do conceito de fins, não podemos tirar nenhuma outra consequência senão que tal ou qual forma é adequada a um fim.

Rubem Queiroz Cobra

Página lançada em 06-12-2009.

Direitos reservados.
Para citar este texto: Cobra, Rubem Q. – Todo pensamento tem um sentimento. Site www.cobra.pages.nom.br, Internet, Brasília, 2009.