Estoicismo

Hoje: 28-03-2024

Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
Site original: www.cobra.pages.nom.br

O estoicismo foi uma das mais importantes e influentes escolas da Filosofia.Teve a adesão de um grande parte das pessoas educadas do mundo greco-romano e os conselhos e meditações de estoicos romanos famosos, principalmente Epíteto, Sêneca e Marco Aurélio, tiveram considerável influência sobre a tradição cultural ocidental e o desenvolvimento do cristianismo primitivo. A atitude estoica, a postura e o modo de viver que essa importante corrente filosófica prega, é de coragem e serenidade diante de circunstâncias adversas.

Seu fundador, Zenão de Citio, ou Citium, (c 336-264 aC) – não seja confundido com o outro Zenão, o de Eleia, o pré-socrático, o Zenão da tartaruga, do qual falei em outra das minhas páginas –, discutia ideias filosóficas nos pórticos da praça, (Poikile Stoa, Colunata Pintada) e, assim, seus seguidores passaram a ser chamados filósofos Estoicos (filósofos dos pórticos). Zenão impressionou-se com o pensamento de Sócrates, sua força de caráter e independência das circunstâncias externas, sua serenidade diante da morte. O que hoje se sabe sofre a filosofia de Zenão vem de citações de discípulos seus e de críticos de suas ideias, principalmente de Epíteto. Citações de seu livro A República, livro que se perdeu, descrevem uma utopia estoica, uma nação onde os cidadãos viveriam de modo racional, não havia moeda, templos nem cortes de justiça, coisas que ele considerava inteiramente dispensáveis a seres racionais.

Metafisicamente, os estoicos eram materialistas. Deus não tem existência distinta da ordem racional da natureza e não deve ser interpretado como uma divindade pessoal, que possa ouvir o homem, ensinavam eles.

Os estoicos eram deterministas, fatalistas, sustentando que o que acontece, acontece necessariamente. Não só é o mundo de tal forma que todos os eventos são determinados por acontecimentos anteriores, mas o universo é perfeito, racional inteiro. A natureza é totalmente determinada conforme o seu papel na promoção da vida e a virtude entendida como viver de acordo com a natureza. Este aspecto prático do estoicismo aparece nos escritos do estoico romano Epicteto (c 50-138 dC), que desenvolveu a ética e o lado teológico do estoicismo.

Uma vez que para o estoico a natureza é racional e perfeita, a vida ética é uma vida vivida de acordo com a ordem racional das coisas. Ele é aconselhado a não esperar que os eventos aconteçam como ele deseja, mas a querer que aconteçam como eles acontecem, e então sua vida será boa.

É essencial no estoicismo o reconhecimento da diferença entre as coisas que estão ao alcance do indivíduo e as que ele não ao pode dominar.

Para evitar a infelicidade, a frustração e a decepção, ele precisa fazer duas coisas: controlar as coisas que estão ao seu alcance (Ou seja, suas crenças, julgamentos, desejos e atitudes) e ser indiferente ou apáticos às coisas que não estão em seu poder (Isto é, as coisas externas a ele).

Para aquelas coisas infelizes que não estão ao nosso alcance evitar (por exemplo a morte, e as ações e opiniões dos outros) a atitude correta é de apatia. Angústia é o resultado da nossa atitude em relação às coisas, não as próprias coisas. É um absurdo ficar perturbado, angustiado, com o passado e ambos estão além do nosso poder. A única atitude lógica adequada ao passado é a indiferença.

Rubem Queiroz Cobra

Página lançada em 24-02-2011.

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Para citar este texto: Cobra, Rubem Q. – Estoicismo. Site www.cobra.pages.nom.br, Internet, Brasília, 2011.