Hoje: 13-10-2024
Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
Site original: www.cobra.pages.nom.br
Saint-Pierre, Charles-Irénée Castel, abade de (Fr. 1658-1743), um dos primeiros a propor a união federativa da Europa em favor da paz. Foi educado em um colégio jesuíta e depois entrou para um mosteiro, desistindo, porém, da vida monástica por motivo de saúde. Dedicou-se à teoria e à prática política, campo em que estudou as idéias de Platão, Bodin, Machiavelli, Grotius, Pufendorf, Richelieu, Doria, e Hobbes. Tentou usar a metodologia de Descartes para alcançar a certeza por meio da intuição e dedução. Entrou para a Academia Francesa em 1695.
De 1712 a 1714 foi secretário do embaixador plenipotenciário da França no Congresso de Utrecht, reunião de cúpula que colocou fim à chamada “guerra da sucessão espanhola” movida por Louis XIV em favor de seu candidato ao trono espanhol. Devido a suas ideias expostas em sua obra Discours sur la polysynodie (1719; “Discurso sobre a pluralidade dos Conselhos”), na qual, entre outras coisas, argumenta que Louis XIV não devia ser chamado “O Grande”, foi expulso da Academia Francesa. Sua obra mais famosa foi Le Projet de paix perpétuelle (1713; “Projeto de paz permanente”), no qual propunha que o Tratado de paz de Utrecht fosse garantido por um conselho federativo europeu permanente, para arbitrar questões e evitar as guerras. Esta foi a obra que mais revisou e buscou divulgar, e que lhe valeu a crítica de Rousseau de que havia irrealisticamente esperado que o povo fosse racional (Em 1754 Madame Dupin, uma admiradora do falecido Abade, havia sugerido a Rousseau que ele revivesse as boas ideias que havia nos escritos de Saint-Pierre).
Saint-Pierre realmente reconheceu que as paixões controlam as ações da maior parte das pessoas. Portanto, para superar os motivos de interesse pessoal é necessário usar a violência para garantir a lei e a justiça. Quanto a isto, antecipou-se ao próprio Rousseau e à sua ideia do contrato social pelo qual a sociedade tem por dever proteger o povo de sua própria violência. O livro de Rousseau, La Paix Perpètuelle, concernente a uma federação que traria a paz entre os países europeus era na verdade um resumo e uma crítica ao plano idealizado pelo Abade de Saint-Pierre em seu livro do mesmo título, uma das vinte e três obras do abade. Rousseau diz que, para todos os efeitos, o abade era tomado como um pregador, não um político de fato, e por isso lhe permitiram dizer o que quisesse, porque parecia que ninguém lhe dava ouvidos.
Rubem Queiroz Cobra
Página lançada em 1997.
Direitos reservados.
Para citar este texto: Cobra, Rubem Queiroz – FILOSOFIA MODERNA: Resumos Biográficos. Site www.cobra.pages.nom.br, INTERNET, Brasília, 1997.