Hoje: 02-11-2024
Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
Site original: www.cobra.pages.nom.br
Schweitzer, Albert. Filósofo, teólogo luterano, organista interprete de Bach, tornou-se médico missionário, e sua mulher enfermeira, na África Equatorial. Recebeu o Prêmio Nobel da paz em 1952 pelos seus esforços pela “Irmandade das Nações”. Nasceu em 14 de janeiro de 1875, em Kaysersberg, Alta Alsacia, Alemanha (hoje França) e faleceu em 04 de setembro de 1965, em Lambaréné, Gabão.
Filho mais velho de um pastor luterano Schweitzer estudou filosofia e teologia na Universidade de Strasbourg, onde obteve seu grau de doutor em filosofia em 1899. Foi simultaneamente professor de filosofia e pregador na Igreja de São Nicolau, e no ano seguinte ele recebeu doutorado em teologia. Seu livro “A Questão do Cristo Histórico” (1906) fez dele uma figura mundial em teologia. Nesta e em outras obras ele salienta as visões escatológicas (referentes ao fim do mundo) de Jesus e São Paulo, afirmando que suas atitudes foram tomadas na expectativa do fim iminente do mundo.
Durante esses anos Schweitzer também se tornou um músico completo, começando sua carreira como organista em Strasbourg em 1893. Charles-Marie Widor, seu professor de órgão em Paris, reconheceu Schweitzer como um intérprete de Bach de uma percepção impar e pediu-lhe para escrever um estudo sobre a vida e arte do compositor. O resultado foi J.S. Bach: le musicien-poète (1905). Neste trabalho, Schweitzer via Bach como um místico religioso e comparou sua música a forças impessoais e cósmicas do mundo natural. Em 1905 Schweitzer anunciou sua intenção de tornar-se um médico missionário e dedicar-se ao trabalho filantrópico e em 1913 tornou-se doutor em medicina. Com sua mulher, Hélène Bresslau, que havia praticado como enfermeira para acompanhá-lo, ele foi para Lambaréné, no Gabão, colônia francesa na África Equatorial.
Lá, às margens do rio Ogooué, Schweitzer, com a ajuda dos nativos, construiu seu hospital, o qual equipou e manteve com seus recursos, mais tarde suplementados por doações de indivíduos e fundações de muitos países. Preso lá como estrangeiro inimigo (alemão) e depois levado para a França como prisioneiro de guerra durante a Primeira Guerra Mundial, ele cada vez mais voltou sua atenção para questões mundiais e foi levado a escrever o seu Kulturphilosophie (1923; “Philosophy of Civilization”), no qual lançou sua filosofia pessoal de “reverência pela vida”, um princípio ético relativo a todas as coisas vivas, que ele considerava essencial para a sobrevivência da civilização.
Schweitzer retornou à África em 1924 para reconstruir o hospital arruinado, o qual ele relocou cerca de duas milhas acima no rio Ogooué. Uma colônia de leprosos foi anexada mais tarde. Por volta de 1963 havia lá 350 pacientes com seus familiares no hospital e 150 pacientes na colônia de leprosos, todos atendidos por cerca de 36 médicos brancos, e enfermeiras e trabalhadores nativos. Schweitzer nunca abandonou inteiramente seu interesse intelectual e musical. Ele publicou Die Mystik des Apostels Paulus (1930 – O misticismo de Paulo Apóstolo), deu aulas e recitais de órgão pela Europa, fez gravações, e retomou sua edição dos trabalhos de Bach, iniciados com Widor em 1911 (Bachs Orgelwerke, 1912-14). Seu discurso ao receber o Prêmio Nobel da Paz, Das Problem des Friedens in der heutigen Welt (1954 – “O problema da paz no mundo de hoje”), teve circulação mundial.
A despeito de críticas ocasionais das práticas médicas de Schweitzer, como sendo autoritária e primitiva, e a despeito da oposição algumas vezes levantada contra seus trabalhos teológicos, sua influência continua a ter um apelo moral forte, frequentemente servindo como uma fonte de encorajamento para outros missionários médicos.
Rubem Queiroz Cobra
Página lançada em 00-00-1999.
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Para citar este texto: Cobra, Rubem Q. – NOTAS: Vultos e episódios da Época Contemporânea. Site www.cobra.pages.nom.br, Internet, Brasília, 1999.