Jean-Paul Sartre

Hoje: 13-10-2024

Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
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FILOSOFIA
“O Ser e o Nada” tornou-se, como dito, a obra fundamental da teoria existencialista. Nele está contida praticamente toda a filosofia de Jean-Paul Sartre, cujos principais tópicos são comentados abaixo. Porém, Sartre apresentou o seu existencialismo de uma forma muito mais clara e breve em “O Existencialismo é um Humanismo”, uma conferência dada em Paris em 1945. Seus seguidores, no entanto, alegam que, nesse ensaio, sua abordagem do assunto é popular e superficial, e não se pode confiar nela como uma exposição do seu pensamento. Mas é importante lembrar que Sartre não é o fundador do existencialismo. O pensador cristão dinamarquês Kierkegaard (1813-1855) é geralmente considerado como o primeiro existencialista moderno.

Existencialismo. Existir no sentido etimológico, é “sair de”. “Por exemplo, – diz Sartre em “A Náusea” -, eu me sinto triste; mas tomar consciência de meu desgosto é colocá-lo como um objeto a distancia de mim. Pois o eu que diz ‘estou triste’ não é mais, de modo algum, o eu que está triste. Assim o homem está por sua consciência, sempre além de si mesmo. Eis o sentido do ‘existencialismo’.

As filosofias existencialistas aparecem sob diversas formas, sendo que a divisão mais radical é entre o ponto de vista religioso e o ateu. Sartre é o fundador e principal pensador dessa última corrente.

O nada. A influência do idealista G. W. F. Hegel em Sartre torna-se aparente quando o filósofo tenta interpretar tudo pelo método dialético, isto é, através de uma tensão de opostos. A dialética do “ser-um-com-o-outro” do homem é central: ver e ser visto corresponde a dominar e a ser dominado. Ser e não ser, como em “O Ser e o Nada” é outro exemplo dessa influência hegeliana, em que o confronto é entre a consciência e o seu objeto.

Como de resto todos os fenomenologistas, Sartre tem como ponto de partida o caráter intencional da consciência. Todo modo de consciência representa algo, revela algo, apresenta algo, está voltado e direcionado para algo fora dela mesma, daí dizer-se que a consciência é intencional. Ela não existe sem estar voltada, sem estar representando, criando a presença de um objeto. Os objetos da consciência são reais, ainda que alguns sejam ideais, eles existem como fenômenos, – como imagens -, e porque existem Sarte os considera “seres em si”, completos, acabados, de fato existentes.

Porém, há também um conhecimento ou consciência de que se é consciente, isto é, uma consciência da consciência. Então, diz Sartre, a consciência é um ser “para si”.

Sem seu objeto, a consciência é um nada, um não-ser, pois que somente existe na relação de si mesma com o “ser em si”. Ela procura o “ser em si” para fundar a si mesma, o que significa que ela destrói o “ser em si”, transformando-o no seu próprio nada. “O ser e o nada”, título de seu livro, refere-se a esses dois tipos de ser: o “ser em si” (fenômeno) e o “ser para si” (consciência).

Esta concepção do nada como algo que existe, que é a consciência, é importante para Sartre. É preciso notar aqui que é esta constante separação daquilo que somos, que Sartre chama o “nada”, que obriga a realidade humana a se fazer ao invés de ser. A realidade humana é nada precisamente no que ela não é, mas está a se fazer incessantemente: O “nada”, em Sartre, não é uma constatação niilista. E, em suma, a categoria do ideal, dos objetos ideais.. É importante encontrar um lugar para o “nada”, poder dar existência ao “nada”, a fim de fazer real a possibilidade da negativa. “A capacidade de conceber a negativa constitui a liberdade de imaginar outras possibilidades”… O poder de negar é a possibilidade de escolher, é o princípio da liberdade do pensamento (de imaginar possibilidades) e da liberdade de ação (o tentar realizá-las).

Pode-se, no entanto, criticar o postulado de Sartre de que a consciência pode fazer juízos negativos, como algo sem sentido. Os seus críticos apontam que um juízo negativo pode ser expresso em uma sentença negativa. “Pedro não está aqui” é tão verdade quanto “Pedro está fora daqui”. O juízo é sempre afirmativo. Mas Sartre pretende “a existência objetiva de um não-ser”, do “Nada”.

É claro, porém, que a intencionalidade vem primeiro e, depois que se manifesta, alguma coisa foi escolhida, sem que nada seja previamente negado. É um paradoxo que a escolha dependa primeiro de negar determinadas possibilidades. Negar primeiro já é colocar a intencionalidade na negação.

O homem. Como seres conscientes estamos sempre querendo preencher o “nada” que é a essência do nosso ser consciente; queremos nos transformar em coisas em vez de permanecer perpetuamente num estado em que as possibilidades estão sempre irrealizadas.

É o principal postulado do existencialismo sartreano que não há afirmações gerais verdadeiras sobre o que os homens devem ser. Sartre leva esse indeterminismo às suas mais radicais conseqüências; nega que haja uma natureza humana: não há nenhuma coisa como uma natureza humana que seja comum a todos os seres humanos; nenhuma coisa como uma essência específica que defina o que seja ser humano existe!. Por exemplo, para Aristóteles, e os filósofos gregos, a essência de ser humano era ser racional. Mas para Sartre, a pessoa deve produzir sua própria essência, porque nenhum Deus criou seres humanos de acordo com um conceito, um projeto divino definido. – você é o que você faz de você mesmo.

Quando diz “a existência do homem precede sua essência”, ou “no homem, a existência precede a essência”, ele quer dizer que o homem se apresentou no mundo sem qualquer projeto concebido previamente por um Criador. Não havendo tal essência, todos são iguais e igualmente livres para se fazerem.

“Nojento”, como salienta em “A Náusea” é exatamente aquele que esquece isso e se investe de certa “superioridade essencial”. Mas não existe “ladrão ou marginal em essência”, assim como não há “gente honesta em essência”. Transformar o outro em coisa inferior, para se colocar numa essência superior, é negar simultaneamente a sua liberdade e a própria. Enquanto o olhar de alguém objetiva o outro em coisa essencialmente inferior, o outro, por sua vez, olha e constitui esse alguém num carrasco e ele terá vergonha desse seu olhar.

É no universo dos nojentos e dos covardes que vale a dolorosa constatação de “Entre quatro paredes”: “o inferno são os outros”. Assim, não há uma natureza humana, visto que não há Deus para a conceber: o homem não é mais do que aquilo que ele faz de si mesmo. Tal é o primeiro principio do existencialismo ateu. Mas Sartre salienta que aquilo que vulgarmente entendemos por querer, é uma decisão consciente que, para a maior parte de nós, é posterior ao que alguém já fez de si mesmo.

Liberdade. No entender de Sartre, estamos “condenados à liberdade”; não há limite para nossa liberdade, exceto o de que “não somos livres para deixarmos de sermos livres.” Porque não há nenhum Deus e portanto não há qualquer plano divino que determine o que deve acontecer, não há nenhum determinismo. O homem é livre. Nada o força a fazer o que faz. “Nós estamos sozinhos, sem desculpas.” O homem não pode desculpar sua ação dizendo que está forçado por circunstâncias ou movido pela paixão ou determinado de alguma maneira a fazer o que faz.

A angústia. Seguindo a Kierkegaard, Sartre usa o termo “angústia” para descrever essa consciência da própria liberdade. Nós estamos livres porque nós não podemos confiar em um Deus ou na sociedade para justificar nossa ação ou para nos dizer o que e quem nós somos. Nós estamos condenados porque sem diretrizes absolutas, nós devemos sofrer a agonia de nossa tomada de decisão e a angustia de suas consequências. A angústia é, então, a consciência da própria liberdade… A angústia é a consciência dessa liberdade de escolha, a consciência da imprevisibilidade última do próprio comportamento… Uma pessoa à beira de um penhasco perigoso tem medo de cair, e sente angustia ao pensar que nada o impede de se jogar lá embaixo, de se lançar no abismo. O pensamento mais angustioso de todos é quando, num dado momento, nós não sabemos como nós iremos nos comportar no momento seguinte.

Sartre descreve a vida humana como “uma consciência infeliz”. O homem está sempre tentando alcançar um estado em que não restariam possibilidades irrealizadas, no qual diria: “eu não tinha outra escolha, situação em que seria um objeto em vez de um ser consciente, com opções e liberdade. Mas, argumenta, “Não podemos chegar a um estado em que não restem possibilidades irrealizadas”, ou aí estaríamos determinados, sem escolha possível e portanto sem liberdade. Não há fuga possível da angústia da liberdade; fugir à responsabilidade é em si mesmo uma escolha.

A “má fé”. Às vezes nós escapamos da ansiedade fingindo que nós não estamos livres, como quando nós fingimos que nossos genes ou nosso ambiente são a causa de como nós agimos. Nós nos permitimos ser auto-enganados ou mentir para nós mesmos, especialmente quando isto toma a forma de responsabilizar as circunstâncias por nosso fado e de não lançar mão da liberdade para realizar a nós mesmos na ação. Quando nós fingimos, nós agimos de má fé.

A má fé é a tentativa de fugir da angústia fingindo que não somos livres. Tentamos nos convencer que as nossas atitudes e ações são determinadas pela nossa personalidade, por nossa situação, ou por qualquer outra coisa fora de nós mesmos”. Porém, diz Sartre, o que é aprendido, ou os propósitos, as experiências passadas, não determinam o comportamento atual. Segundo ele, “nenhum motivo ou resolução passada determina o que fazemos agora”. “Cada momento requer uma escolha nova ou renovada”.

Negar a liberdade é, a seus olhos, uma tomada de posição covarde, a fim de fugir da angústia da escolha, e achar o repouso e a segurança na confortável ilusão de ser uma essência acabada.

Sartre diz que, porque não existe Deus, o homem não foi criado para nenhum propósito particular, essência alguma. Dizer que estamos obrigados por nossa natureza, nosso papel na vida, a agir de certo modo constitui “má fé”.

A Psicanálise Existencial. Sartre rejeita enfaticamente a idéia de causas inconscientes dos fatos psíquicos; para ele tudo que está na mente é consciente. Rompeu com a psicanálise por esta retirar a responsabilidade do indivíduo ao invocar a ação de uma força subconsciente e estados mentais inconscientes, que, para Sartre, não existem. Sustenta que a consciência é necessariamente transparente para si mesma. Todos os aspectos de nossas vidas mentais são intencionais, escolhidos, e de nossa responsabilidade, o que é incompatível com o total determinismo psíquico postulado por Freud.

Teríamos de atribuir a repressão inconsciente a alguma instância dentro da mente (a “censura”) que distingue entre o que será reprimido e o que pode ficar consciente, de forma que essa censura tem de estar a par da idéia reprimida a fim de não estar a par dela. Portanto, o inconsciente não é verdadeiramente inconsciente. Em algum nível eu estou consciente, e escolho, o que vou e o que não vou permitir vir claramente à minha consciência. Por isso não posso usar “o inconsciente” como uma desculpa para meu comportamento. Mesmo que eu não possa admitir para mim mesmo, eu estou consciente e escolhendo. Mesmo na decepção que sofro, eu sei que sou eu aquele que me decepciona, e o assim chamado “Censor” de Freud deve estar consciente para saber o que reprimir. Aqueles que usam o inconsciente como desculpa do comportamento acreditam que nossos instintos, nossas inclinações e nossos complexos constituem uma realidade que simplesmente é; que não é verdadeira nem falsa em si mesma mas simplesmente real.

Somos responsáveis por nossas emoções, visto que há maneiras que escolhemos para reagir frente ao mundo. Somos também responsáveis pelos traços duradouros da nossa própria personalidade. Não podemos dizer “sou tímido”, como se isto fosse um fato imutável, uma vez que nossa timidez representa a forma como agimos, e que podemos escolher agir diferentemente.

Nossos atos nos definem. Na vida, o homem se compromete, desenha seu próprio retrato e não há mais nada senão esse retrato. Nossas ilusões e imaginação a nosso respeito, sobre o que poderíamos ter sido, são decepções auto-infligidas. Permanentemente estamos a nos fazer do modo que somos. Uma pessoa “corajosa” é simplesmente alguém que geralmente age com bravura. Cada ato contribui para nos definir como somos, e em qualquer momento podemos começar a agir de modo diferente e desenhar um retrato diferente de nós mesmos. Há sempre uma possibilidade de mudança, de começar a fazer um tipo diferente de escolha. Temos o poder de nos transformar indefinidamente.

O instrumento proposto por Sartre para que possamos conseguir um auto-conhecimento genuíno é a Análise Existencial. Ele chama “Psicanálise Existencial” a “Uma psicanálise que busca não as causas do comportamento de uma pessoa, mas o seu sentido” (O que o comportamento exprime como escolha). A função desta psicanálise não é procurar as causas inconscientes do comportamento de uma pessoa, mas o significado desse comportamento. A realidade humana identifica-se e se define pelos fins que busca e não por pretensas “causas” no passado.

Nenhuma “essência” determinada de mim mesmo orienta a priori meu comportamento. Porém, há o que Sartre chama “Projeto Original”. Como uma pessoa é essencialmente uma unidade, e não apenas um amontoado de desejos ou hábitos sem relação, deve haver para cada uma delas uma escolha fundamental por um papel ou script de vida, o “projeto original”, o qual dá o significado de qualquer aspecto específico de seu comportamento.

A radical oposição de Sartre à psicanálise influiu grandemente na psiquiatria de seu tempo. Ronald David Laing (1927-1989), um conhecido psiquiatra inglês de origem escocesa, buscou um novo método de tratamento da loucura seguindo a filosofia existencialista. Entre suas principais obras está Reason & Violence: A Decade of Sartre’s Philosophy (“Razão e violência: uma década da filosofia de Sartre”), em co-autoria com D.G. Cooper, de 1971.

Socialismo. Sartre rompeu com o socialismo e a psicanálise considerando o quanto o Existencialismo se opõe à teoria psicanalítica. A submissão ao inconsciente significaria cerceamento da liberdade. O mesmo diz do socialismo. Depois de renunciar ele mesmo ao comunismo, denunciou que o planejamento social implica restrição ou perda total da liberdade. Os existencialistas acreditam na capacidade de todo indivíduo de escolher as suas atitudes, objetivos, valores e formas de vida e seu postulado de liberdade representa obstáculo intransponível ao conformismo requerido pelo planejamento socialista e sua negação da individualidade em favor do social e coletivo.

Posteriormente Sartre adotou uma forma de marxismo que ele considerava como a “filosofia inescapável do nosso tempo”, que só precisava ser refertilizada pelo existencialismo. Esta mudança de ponto de vista encontra-se na sua “Crítica da Razão Dialética”, volume I, de 1960.

Deus. Sartre é um existencialista ateu. Segundo Sartre, o homem está abandonado; Deus não existe e, para Sartre, a não-existência de Deus tem implicações extremadas. Aliás, alguns dos problemas principais que se levantam do abandono parecem também levantar-se meramente do fato de nós não podermos saber se Deus existe. Se Deus realmente existe, nós “não estamos abandonados”. O problema do abandono levanta-se meramente do fato de nós não podermos saber se Deus existe. Sua existência em tais condições equivale, para Sartre, em uma não-existência efetiva, que tem implicações drásticas. Primeiro, porque não há Deus, não há nenhum criador do homem e nem tal coisa como um concepção divina do homem de acordo com a qual o homem foi criado. Segundo, diz ele, louvando-se em Dostoiévski (na fala de Ivan Karamazov, na famosa novela daquele escritor russo): Se Deus não existe, então tudo é permitido. Terceiro, “Não há um sentido ou propósito último inerente à vida humana; a vida é absurda”.

Isto significa que o indivíduo, foi jogado de fato na existência sem nenhuma razão real para ser. “Simplesmente descobrimos que existimos e temos então de decidir o que fazer de nós mesmos”.

Resta como o único valor para o existencialismo ateu a liberdade. Afirma que não pode haver uma justificativa objetiva para qualquer outro valor.

Porque não há nenhum Deus, não há nenhum padrão objetivo dos valores. Com o desaparecimento dele desaparece também toda possibilidade de encontrar valores. Não pode então haver qualquer bem a priori porque se nós não sabemos se Deus existe, então nós não sabemos se há alguma razão final porque as coisas acontecem da maneira que acontecem; não há nenhuma razão final porque qualquer coisa tenha acontecido ou porque as coisas são da maneira que elas são e não de alguma outra maneira e nós não sabemos se aqueles valores que acreditamos que estão baseados em Deus têm realmente validade objetiva. Consequentemente, porque um mundo sem Deus não tem valores objetivos, nós devemos estabelecer ou inventar, a partir da liberdade, nossos próprios valores particulares. Na verdade, mesmo se nós soubéssemos que Deus existe e aceitássemos que os valores devessem basear-se em Deus, nós ainda poderíamos não saber que valores estariam baseados em Deus, nós poderíamos ainda assim não saber quais seriam os critérios e os padrões absolutos do certo e do errado. E mesmo se nós sabemos quais são os padrões do certo e do errado (critérios), exatamente o que significam ainda seria matéria da interpretação subjetiva. E assim o dilema humano que resultaria poderia ser muitíssimo o mesmo como se não houvesse Deus.

Ética. Sartre acredita na capacidade de todo indivíduo de escolher as suas atitudes, objetivos, valores e formas de vida. É uma ilusão a crença de que os valores existem objetivamente no mundo, em vez de serem criados apenas pela escolha humana. Recomenda honestidade, ou seja, que façamos nossas escolhas individuais com plena consciência de que são autenticamente nossas e nada as determina por nós. Parece assim que Sartre, a partir das próprias premissas, teria que elogiar o homem que escolhe devotar a vida à exterminação dos judeus, contanto que ele escolha isso com plena consciência do que está fazendo. Porém, paradoxalmente, a “sinceridade” que iria contrapor-se à má fé, não é inteiramente possível. O ideal de sinceridade completa parece condenado ao fracasso por dois motivos. Primeiro, uma vez que não podemos ser simplesmente objetos observados e corretamente descritos, não podemos ser considerados, nem por nós mesmos, como honestos. Segundo, por que se é sincero no mal. Assim sendo, o único valor fundamental e universal para o existencialismo é a liberdade. Diz Sartre “Não pode haver uma justificativa objetiva para qualquer outro valor”. A única recomendação positiva que Sartre pode fazer é que deveríamos evitar a má fé e procurar fazer escolhas autênticas.

Crítica. Sartre foi, sem dúvida, essencialmente um filósofo moralista e um psicólogo arguto, e contou com a simpatia de uma vasta imprensa esquerdista em todo o mundo. Porém, pouco do que disse foi concepção original sua. Ele tomou seu ponto de partida das filosofias de Husserl e Heidegger. Seu primeiro trabalho, L’Imagination (1936) e L’Imaginaire: Psychologie phénoménologique de l’imagination (1940), ficam completamente no contexto da análise da consciência que fez Husserl. O pensamento de Heidegger aparece com clareza em “A Náusea”. A definição do homem como um ser de possibilidades que encontra ou perde a si mesmo nas escolhas que faz com respeito a si mesmo corresponde à definição de Heidegger do que chamou Dasein como o ser que tem que se fazer, se materializar. Segundo seus críticos, no L’Être et le néant (1943), um ensaio de ontologia fenomenológica, está óbvio que Sartre copiou de Heidegger. Algumas passagens da obra de Heidegger Was ist Metaphysik? (1929- “Que é a Metafísica?”), na verdade foram literalmente copiadas. O significado do “Nada”, objeto da investigação de Heidegger em suas aulas, foi a questão que guiou o pensamento de Sartre.

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Rubem Queiroz Cobra

Página lançada em 04-03-2001.

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Para citar este texto: Cobra, Rubem Q. – Jean-Paul Sartre – Vida, época e filosofia e obras de Jean Paul Sartre. Site www.cobra.pages.nom.br, Internet, Brasília, 2001.