Sacro Império

Hoje: 29-03-2024

Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
Site original: www.cobra.pages.nom.br

 Sacro Império. Os grandes eventos políticos da época moderna e quase todas as guerras que ocorreram naquele período da história envolviam os quatro grandes impérios que eram o Sacro Império Germânico, a Espanha, a França e a Inglaterra, como potências estabelecidas, mais a Holanda, como potência emergente e os Estados Pontifícios, pela força moral da Igreja Católica. Quanto ao saber, é o início da Revolução Científica.

 O Título de Imperador Romano ou Rei dos Romanos desaparecera com a queda de Roma, mas o Papa Leão III o recriou, no ano 800, Imperador Augustus, conferindo-o a Carlos Magno, rei dos francos. O título passou para as dinastias alemãs. Só a partir de 1254 o título recebe a palavra “Sacro”.

 A partir de meados do século XV passa a ser referido como Sacro Império Romano da Nação Alemã ou Sacro Império Germânico.

 Um dos monarcas dos reinos alemães (Bavária, Boêmia, Áustria, etc.) era eleito Imperador pelos príncipes e bispos (príncipes eleitores, bispos eleitores) e coroado pelo Papa até Carlos V em 1530, mas o costume da coroação pelo Papa foi depois da reforma abandonado. Imperador era o Chefe da Cristandade e todos os outros reis deviam respeitá-lo como tal. O império foi mortalmente ferido pela Reforma protestante, porque o imperador manteve-se católico, e vários príncipes eleitores tornaram-se protestantes. Descartes viveu à época de Rodolfo II e Fernando II,

 Rudolf II (1576 a 1612), impopular e doente, nada fez para conter a Reforma. Sucedeu seu pai como imperador do Sacro Império Romano em 1576. Sujeito a crises de depressão, retirou-se para Praga, onde vivia em reclusão, ocupado com artes e ciência. Esteve em sua corte o filósofo italiano Giordano Bruno, e lá escreveu uma crítica contra a intolerância e sectarismo religioso, que diz contrariar a lei divina do amor, doutrina certamente do agrado de Rudolf II que pouco fez para reprimir os protestantes.

 Manobras políticas terminaram por destituir o fraco soberano, em favor de seu irmão Matias.

 Fernando II (1619-1637), abandona a linha de tolerância de Rudolf II. Arquiduque da Áustria, Rei da Boêmia e Hungria, considerado santo pelos católicos, foi chamado o Imperador da Contra-Reforma.

 Radical inimigo dos protestantes, sua perseguição causou a Guerra dos Trinta Anos, um período de luta quase contínua que teve lugar principalmente no seio do Sacro Império, começando com a revolta da Boêmia em 1618, para terminar com a paz de Westphalia em 1648. Foi uma guerra religiosa entre católicos e protestantes, nascida do permanente conflito entre os príncipes alemães e suíços que se tornaram protestantes e o Imperador católico do Sacro Império Romano, que desejava eliminar os protestantes. A Guerra dos Trinta Anos é o fato político dominante do período de vida de Descartes, guerra que na verdade durou 50 anos (1610-1660), considerados vários de seus desdobramentos.

 Fernando II havia conseguido o apoio dos Habsburgos da Espanha para suceder a Matias, prometendo-lhes a província fronteiriça da Alçacia, o que colocava perigo para a vizinha, França. Apesar de Eleito Imperador em Agosto de 1619 (Descartes assiste sua coroação em Frankfurt), Fernando precisou do apoio da Espanha, da Polônia e de vários príncipes alemães.

 O principal apoio veio da Baviera (ou Bavária, na Alemanha sul-ocidental), um dos pequenos ducados que resultaram do desmembramento do reino de Carlos Magno (817) e que se tornou um país católico. O duque Maximiliano I, que deu o seu apoio a Fernando II na guerra dos 30 anos (1618-1648), viveu de 1573 a 1651, teve educação jesuítica, sucedeu seu pai em 1597. Considerado um grande administrador, implantou leis, restaurou as finanças do ducado, montou um exército bem organizado no qual serviu Descartes. A universidade da Bavária foi fundada em 1472 em Ingolstadt.

 Com a ajuda de Maximiliano I Fernando II derrotou os rebeldes próximo a Praga, em Novembro de 1620 e catolicisou a força a Boêmia. Morreu em Viena em 1637.

 A guerra dos trinta anos (1618-48), esfacelou o antigo império, embora o título de Sacro Império Romano continuasse em uso.

Rubem Queiroz Cobra

Página lançada em 1997.

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Para citar este texto: Cobra, Rubem Q. – Vultos e episódios da Época Moderna. Site www.cobra.pages.nom.br, Internet, Brasília, 1997.