François Quesnay

Hoje: 28-03-2024

Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
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QUESNAY, François, nascido em 1694 e falecido em 1774, economista francês. Líder da escola fisiocrata, a primeira escola de economia política.

Quesnay foi médico, primeiro de Madame de Pompadour e depois do rei Louis XV, na corte francesa. Suas primeiras publicações foram no campo da medicina. Seu conhecimento da circulação do sangue e sua fé no poder curativo da natureza ele leva para suas especulações na área econômica como um preceito de confiança na natureza como capaz de reger também a economia por via das inclinações naturais do homem. Somente depois dos 60 anos de idade publicou seu primeiro livro no assunto. Com o apoio de Madame de Pompadour, atraiu um grupo de economistas que o viam como seu líder.

O sistema de Quesnay foi exposto no seu Tableau économique (“Quadro Economico”), de 1758, que mostrava esquematicamente as relações entre as diferentes classes econômicas e setores da sociedade e o “fluxo de pagamentos” entre elas. Com o Tableau, Quesnay criou o conceito de equilíbrio econômico, uma concepção tomada como ponto de partida nas análises econômicas desde então. É dele também o conceito de “capital fixo” e “capital circulante” e a noção de que o capital deve constituir uma reserva de riqueza a ser acumulada antes da produção; considerava que a poupança era potencialmente prejudicial porque, não aplicadas, podia perturbar o equilíbrio do fluxo de pagamentos.

A metodologia e os princípios políticos do sistema fisiocrata de Quesnay baseavam-se na doutrina da Lei Natural. Aceitar essa doutrina levou-o a proclamar que o laissez-faire na economia seguia a lei natural e portanto representava a ordem econômica de indicação divina. Em seu pensamento têm origem a doutrina da harmonia de interesses das classes, formulada no século XIX, e o pensamento, a ela relacionado, de que o máximo de satisfação social ocorre com a livre competição. Os pontos fundamentais da doutrina eram o pensamento de que o governo não deveria interferir nas operações econômicas, as quais deviam ser deixadas seguir livremente as leis econômicas naturais, e a crença de que a terra é a fonte de toda riqueza.

Fisiocracia significa etimologicamente “governo da natureza” ou “lei da natureza”. A característica de vinculação à natureza levava a tomar a agricultura como base econômica, em oposição aos chamados mercantilista que colocavam ênfase na indústria e no comércio exterior.

No início dos anos 1750 os aposentos de Quesnay em Versailles tinham se transformado em lugar de encontro de pessoas interessadas em problemas econômicos e administrativos. Seu primeiro discípulo importante foi Victor Riqueti, Marquês de Mirabeau, que escreveu Explication du Tableau économique (“Explicação do ‘Quadro Econômico’ “) de 1759, Théorie de l’impôt (“Teoria do Imposto”), de 1760; e Philosophie rurale (“Filosofia rual”), de 1763, todos girando em torno ao pensamento do mestre. Em 1763 outro jovem discípulo juntou-se à corrente, Pierre Samuel du Pont de Nemours, que em 1767 publicou uma coleção dos escritos de Quesnay sob o título La Physiocratie; ou, constitution naturelle du gouvernement le plus avantageux au genre humain (“A Fisiocracia ou, a constituição natural do governo a mais vantajosa para o gênero humano”) do qual a escola tirou o seu nome.

Por volta de 1768 a escola fisiocrata estava em declínio. Em 1774, no entanto, pouco antes da morte de Quesnay, um fisiocrata, Anne-Robert-Jacques Turgot, Barão De L’aulne, ex-administrador da região de Limoges, foi designado Ministro de Administração de Luís XV e propôs um programa administrativo segundo as teses fisiocratas. Em Limoges, Turgot havia obtido grande sucesso com a aplicação de um programa fisiocrata, o que o levou a publicar um trabalho Reflections on the Formation and Distribution of Wealth, em 1766, seguido do Lettres sur la liberté du commerce des grains, de 1770. Sua tentativa de tornar científica a administração fizera criar um cadastro de terras para efeito de taxação, e substituindo o imposto a ser pago pelos camponeses por um certo número de horas de trabalho na conservação das estradas e mantendo livre o comércio de grãos.

Como ministro Turgot organizou um plano largamente fundado nas ideias fisiocratas que defendia mas seu insucesso na política interna da corte permitiu que seus inimigos impossibilitassem a adoção de suas ideias. Turgot foi demitido em 1776 e os principais fisiocratas foram exilados.

Rubem Queiroz Cobra

Página lançada em 1997.

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Para citar este texto: Cobra, Rubem Queiroz – FILOSOFIA MODERNA: Resumos Biográficos. Site www.cobra.pages.nom.br, INTERNET, Brasília, 1997.