Francis Hutcheson

Hoje: 19-03-2024

Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
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HUTCHESON, Francis, filósofo escocês de origem irlandesa, nascido em Drumalig, Condado de Down, na Irlanda, em 1694, falecido em Glasgow, na Escócia, em 1746, expoente maior da teoria do sentimento moral segundo a qual o homem pode ter intuição da ação correta através de uma faculdade moral inata.

Filho de um ministro presbiteriano, Hutcheson estudou filosofia, clássicos e teologia na universidade de Glasgow (1710-16). Licenciado como pregador em 1719 pelo Conselho presbiteriano em Ulster, nesse mesmo ano fundou uma academia particular em Dublim. Em 1729 voltou a Glasgow como professor de filosofia moral, e ali lecionou até sua morte.

Em 1738 o Conselho presbiteriano em Glasgow contestou a crença de Hutcheson de que o indivíduo pode ter um conhecimento do bem e do mal sem, – ou antes que venha a ter – , conhecimento de Deus. Sua posição de pregador popular nada sofreu com essa censura. Muito respeitado, a ele David Hume solicitou opinião sobre a seção “Da Moral Humana” do “Tratado da Natureza Humana” que o fez famoso.

No ponto de vista de Hutcheson, além dos cinco sentidos externos, diretos, o homem tem uma variedade de sentidos de origem interna, reflexivos, inclusive um sentido de beleza, de moralidade, de honra, e do ridículo, e destes ele considerou o sentido moral o mais importante. Está implantado no homem e se manifesta instintiva e imediatamente sobre o caráter de ações e afeições, aprovando aquelas que são virtuosas e desaprovando aquelas que são viciosas. Sua teoria ética foi proposta no seu An Inquiry into the Original of our Ideas of Beauty and Virtue (“Uma investigação quanto à gênese de nossas ideias de beleza e virtude”), de 1725, no seu An Essay on the Nature and Conduct of the Passions and Affections, with Illustrations on the Moral Sense (“Um ensaio sobre a natureza e a conduta das paixões e afeições, com exemplos relativos ao sentimento moral”) de 1728, e no System of Moral Philosophy (“Sistema de filosofia moral”), 2 vol. Publicado postumamente por seu filho de mesmo nome em 1755.

Francis Hutcheson foi talvez o primeiro a colocar o problema do julgamento estético entre as questões centrais da epistemologia: Como podemos saber que alguma coisa é bela? O que guia nosso julgamento e o que o faz válido? Sua resposta foi decididamente empirista: os julgamentos estéticos são perceptuais e tiram sua afirmação de um sentido que é comum a todos que os pronunciam. No seu Inquiry, de 1725, Hutcheson explica: “A origem de nossas percepções do belo e da harmonia pode com propriedade ser chamada um “sentido”, porque não envolve qualquer elemento intelectual, nem reflexão sobre princípios e causas”.

Hutcheson exerceu forte influência sobre Adam Smith com respeito a seu critério moral, que estava em examinar um ato quanto a se ele tende ou não a promover o bem estar da humanidade. Com esse critério Hutcheson havia se antecipado ao Utilitarismo do pensador inglês Jeremy Bentham, inclusive no uso da frase “a maior felicidade para o maior número”. Hutcheson foi influente também como lógico e teorista do conhecimento humano.

A “teoria de benevolência” da ética, de acordo com a qual o sentimento moral tende a aprovar ações que beneficiam outros mais que a si próprio, representava uma posição contrária à do filósofo inglês do século XVII Tomas Hobbes. Hutcheson manteve que, enquanto o amor próprio é moralmente indiferente, a satisfação dos ditames do amor próprio é uma das condições para a preservação social. Escreveu ainda outros trabalhos como o Reflections Upon Laughter (“Pensamento sobre o riso”), de 1725, criticando Hobbes no mesmo assunto, Remarks upon the Fable of the Bees (“Comentários sobre a fábula das abelhas”), de 1726, o De naturali homini socialitate (“Da sociabilidade natural do homem”), de 1730, o Philosophia moralis institutio compendiaria, ethices et jurisprudentiae naturalis (“Instituições de filosofia moral”), a tradução de Marco Aurélio The Meditations of Marcus Aurelius Antonius e o Metaphysicae synopsis: ontologiam et pneumatologiam complectens (“Sinopse metafísica”), de 1742.

Rubem Queiroz Cobra

Página lançada em 00-00-1997.

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Para citar este texto: Cobra, Rubem Queiroz – FILOSOFIA MODERNA: Resumos Biográficos. Site www.cobra.pages.nom.br, INTERNET, Brasília, 1997.