Rosacruzes

Hoje: 29-03-2024

Página escrita por Rubem Queiroz Cobra
Site original: www.cobra.pages.nom.br

Rosacruzes. Irmandade secreta, ocultista-cabalística-teosófica, que pretende ter conhecimentos e sabedoria esotérica preservados do mundo antigo. O seu símbolo é a combinação de uma rosa e uma cruz. Seu documento mais antigo é um livreto intitulado Fama Fraternitatis R.C (Rosae crucis), que circulou como manuscrito em 1610 e apareceu pela primeira vez impresso em 1614 em Cassel. A começar da quarta edição, em 1615, aparece um adendo Confessio der Fraternitat.

De acordo com esses escritos a Irmandade Rosacruz foi fundada em 1408 por um nobre alemão nascido em 1378, Christian Rosenkreuz (1378-1484), um monge que tinha um cristianismo anti-papal, com tinturas de teosofia, como seu ideal de religião. Enquanto viajou por Damasco, Jerusalém, e Fez, fora iniciado no “aprendizado árabe” (magia).

Preocupados acima de tudo que seus nomes aparecessem no Livro da Vida, os irmãos deviam aplicar-se zelosamente e no maior segredo ao estudo da Natureza nas suas forças ocultas, e tornar suas descobertas e invenções conhecidas para a Ordem e proveitosas para as necessidades da humanidade. No entanto, deviam considerar a fabricação de ouro como sem interesse – apesar de que, para os verdadeiros filósofos (ocultistas), essa era considerada uma questão fácil.

Para promover o objeto da Ordem os irmãos estavam obrigados a reunir-se anualmente no “Edifício do Santo Espírito”, sua sede secreta, curar os doentes gratuitamente, e também a procurar cada um sucessor para si, cuidando pela continuação da Ordem.

Por duzentos anos, enquanto o mundo não tinha a mínima suspeita da sua existência, a Irmandade transmitia esses preceitos do “Pai” Rosenkreuz, até que cerca de 1604 eles finalmente ficaram conhecidos. O “Fama”, que os divulgou, convidava “todos os intelectuais e governantes da Europa” a favorecerem abertamente sua causa, e eventualmente candidatar-se a entrar na fraternidade na qual, no entanto, somente almas escolhidas seriam admitidas.

A propensão mórbida da época pelo esoterismo, a magia, e agremiações secretas fez que o “Fama” levantasse uma excitação febril no espírito das pessoas, revelada numa inundação de escritos a favor e contra a irmandade, e em apaixonados esforços para conseguir admissão na Ordem, ou pelo menos descobrir quais era seus membros. Todo esse esforço, mesmo por intelectuais de renome como Descartes e Leibniz foram inúteis.

O teólogo luterano John Valentin Andrea (1586-1654), alemão de Würtemberg falecido em 1659, escreveu o “Chymische Hochzeit Christiani Rosenkreuz 1459”, que ele teria admitido ser uma brincadeira de sua juventude composto entre 1602 e 1603 e que apareceu em 1516. Sua pretensão era ridicularizar a mania de ocultismo de sua época. Esse livro tem relações intrínsecas muito próximas do “Fama” o qual, à vista disso, indubitavelmente é um trabalho posterior do mesmo Andreae ou, senão, de alguém do seu círculo de amigos, e inspirado por ele.

Se faz mofa da alquimia ocultista nesses trabalhos e no “Reforma-Geral”, as loucuras dos eternos reformadores do mundo são abertamente ridicularizados. A forma fantástica dos tipos é tomada dos romances contemporâneos de cavalaria e aventura. A “rosa-cruz” é escolhida símbolo da Ordem porque, primeiro, a rosa e a cruz eram símbolos antigos de ocultismo e, segundo, aparecem nas armas da família de Andreae.

De acordo com esse escrito, Rosenkreuz teria conhecido a sabedoria antiga e secreta em sua viagem ao Egito, e norte da África, e a passou a 8 discípulos que se espalharam pelo mundo. Outra versão é que a obra teria sido escrita por Paracelsus (médico, alquimista e mágico suíço) e Christian Rosenkreuz não passaria de um personagem inventado. Os adeptos da Ordem, no entanto, sustentam que a ordem é antiga, e que teve membros importantes como Platão, Jesus, Plotino e outros.

O objetivo do Fama Fraternitatis era encontrar amigos de boa vontade para uma reforma universal e encorajá-los a entrar para a Ordem dos Rosacruzes. Modernamente os rosacruzes definem o movimento em linhas gerais, de acordo com presidente da seção de Londres (Supreme Magus), Brother Dr. Wm. Wynn Westcott, M.B., P.Z , como “visando proporcionar ajuda e encorajamento mútuos em solucionar os grandes problemas da vida e em desvendar os segredos da natureza; facilitar o estudo da filosofia fundamentada na Kabbalah e na doutrina de Hermes Trismegistus, a qual foi introduzida pela Fratres Roseae Crucis original da Alemanha no ano 1450 da era cristã, e investigar o significado e simbolismo de tudo que agora resta da sabedoria, arte, e literatura do mundo antigo”.

Rubem Queiroz Cobra

Página lançada em 00-00-1997.

Para citar este texto: Cobra, Rubem Queiroz – NOTAS: Vultos e episódios da Época Moderna. Site www.cobra.pages.nom.br, Internet, Brasília, 1997.